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domingo, 22 de agosto de 2010

Eu não queria mas estou ficando triste.
fazendo coisas que não resisto fazer.
Estou amando muito loucamente.
Mas esse alguém que eu amo não é mais você.
Não sei porque que eu faço isso.
Estou me tornando triste para não te entristecer.
Será que um dia meu esforço vai valer apena?
Ou é melhor não deixa me entristecer!

Eu não queria mas estou ficando triste.
Não quero mas vou ter que escolher.
Será que você me entende... o que eu estou dizendo!
Será que você entende o que quero dizer?
Será que você me ajuda a entender?
Não deixe eu ficar triste.
Quem nasceu pra ser feliz não pode de tristeza morrer.
Mas eu não quero que você se sinta triste achando que a culpado foi você.
NORDESTE INDEPENDENTE
(Imagine o Brasil)

(Música: domínio público. Letra: Ivanildo Vila Nova e Braulio Tavares)

1
Já que existe no Sul este conceito
que o Nordeste é ruim, seco e ingrato,
já que existe a separação de fato
é preciso torná-la de direito.
Quando um dia qualquer isso fôr feito
todos dois vão lucrar imensamente
começando uma vida diferente
da que a gente até hoje tem vivido:
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

2
Dividindo a partir de Salvador
o Nordeste seria outro país:
vigoroso, leal, rico e feliz,
sem dever a ninguém no exterior.
Jangadeiro seria o senador
o cassaco de roça era o suplente
cantador de viola o presidente
e o vaqueiro era o líder do partido.
Imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

3
Em Recife o distrito industrial
o idioma ia ser "nordestinense"
a bandeira de renda cearense
"Asa Branca" era o hino nacional
o folheto era o símbolo oficial
a moeda, o tostão de antigamente
Conselheiro seria o Inconfidente
Lampião o herói inesquecido:
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

4
O Brasil ia ter de importar
do Nordeste algodão, cana, caju,
carnaúba, laranja, babaçu,
abacaxi e o sal de cozinhar.
O arroz e o agave do lugar
a cebola, o petróleo, o aguardente;
o Nordeste é auto-suficiente
nosso lucro seria garantido
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

5
Se isso aí se tornar realidade
e alguém do Brasil nos visitar
neste nosso país vai encontrar
confiança, respeito e amizade
tem o pão repartido na metade
tem o prato na mesa, a cama quente:
brasileiro será irmão da gente
venha cá, que será bem recebido...
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

6
Eu não quero com isso que vocês
imaginem que eu tento ser grosseiro
pois se lembrem que o povo brasileiro
é amigo do povo português.
Se um dia a separação se fêz
todos dois se respeitam no presente
se isso aí já deu certo antigamente
nesse exemplo concreto e conhecido,
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

As estrofes acima foram gravadas por Elba Ramalho em seu disco Do Jeito que a Gente Gosta (1984), uma faixa que apareceu depois em várias compilações. Esta canção era um número de palco no show Coração Brasileiro, estreado em 1983 no Canecão (Rio de Janeiro). As estrofes de 1 a 4 são de Ivanildo Vila Nova, as 5 e 6 são minhas. Abaixo, vão transcritas outras estrofes compostas por mim em torno do mesmo mote. Há outras estrofes que foram gravadas por Ivanildo Vila Nova em seu disco Nordeste Independente, feito em parceria com Severino Feitosa.

7
Todo ano no Rio de Janeiro
chegam levas e levas de migrantes
são milhares de braços retirantes
que fabricam montanhas de dinheiro.
Pois que o Rio prossiga em seu roteiro
e o Nordeste não seja um afluente
que conduz mil riquezas na torrente
e nem mesmo no mapa é conhecido;
imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

8
Se São Paulo é a tal "lomocotiva"
que conduz estes mais de cem milhões,
então deixe pra trás estes vagões
que lhe tornam a carga cansativa.
Eles vão ter a iniciativa:
ser puxados por boi, cavalo e gente.
Talvez andem bastante lentamente
mas seu rumo é seguro e conhecido.
Imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

9
Se houver essa tal separação
através de um acordo ou de um tratado
o Brasil se verá desobrigado
de ampaar essa imensa região
e o Nordeste será uma nação
mais vistosa, mais rica e mais contente
sem ninguém que lhe humilhe e lhe sustente
sem um pai, um patrão ou um marido...
Imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

10
Vejo tanta mulher, homem, menino
quando a seca flagela seu Estado
vir pro Sul pra ficar desempregado
sem poder transformar o seu destino.
Fico triste se vejo um nordestino
que podia talvez ser meu parente
vir pra cá pra virar um indigente,
um ladrão, um maluco ou um bandido...
Imagine o Brasil ser dividido
e o Nordeste ficar independente.

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História
Dois ilustres folcloristas brasileiros, Luis da Câmara Cascudo e Manuel Diéges Júnior, trouxeram, contribuição ao problema da origem da nossa literatura de cordel. Cascudo em vários ensaios e livros, sobretudo no seu "Vaqueiros e Cantadores" e "Cinco Livros do Povo", e Manuel Diéges Júnior especialmente no ensaio "Ciclos Temáticos na Literatura de Cordel". Eles nos mostraram a vinculação dos folhetos de feira, a partir do século XVII, com as "folhas volantes" ou "folhas soltas", em Portugal, cuja venda era privilégio de cegos, conforme informava Téofilo Braga.
Na Espanha, o mesmo tipo de literatura popular era chamado de "pliegos suletos", denominação que passou também à América Latina, ao lado de "hojas" e "corridos". Tal denominação, como se sabe, é corrente na Argentina, México e Nicarágua, Peru. Segundo a folclorista argentina Olga Fenandéz Lautor de Botas, citada por Diéges Júnior, estas "hojas" ou "pliegos sueltos", divulgados atravésde "corridos', envolvem narrativas tradicionais e fatos circunstanciais - exatamente como a literatura de cordel brasileira.
Na França, o mesmo fenômeno correspondia à "littèratue de colportage" - literatura volante, mais dirigida ao meio rural, através do "occasionnels", enquanto nas cidades prevalecia o "canard".
Na Inglaterra - é informação de Jean Pierre Seguin, através de Roberto Benjamin -, folhetos semelhantes aos nossos eram correntes e denominados "cocks" ou "catchpennies", em relação aos romances e estórias imaginárias; e "broadsiddes", relativamente às folhas volantes sobre fatos históricos, que equivaliam aos nossos folhetos de motivações circunstanciais. Os chamados folhetos de época ou "acontecidos".
Num ensaio intitulado "Origens da Literatura de Cordel", nós alongamos as notícias dessas origens do folheto de cordel não só no século XVII, na Holanda, como aos séculos XV e XVI na Alemanha. Foi através do ensaio da pesquisadora Marion Ehrhardt, intitulado "Notícias Alemãs do Século XVI sobre Portugal", publicado na revista "Humboldt" (nº 14, Hamburgo, 1966), que chegamos a essa evidência. Examinando folhetos sobre assuntos portugueses do século XVI, que resistiram ao tempo, - através de enfoque exclusivamente histórico - Marion Ehrhardt nos fornece informações suficiente para cortejo entre velhos folhetos germânicos e a literatura de cordel.
Na Alemanha, os folhetos tinham formato tipográfico em quarto e oitavo de quatro e a dezesseis folhas. Editados em tipografias avulsas, destinavam-se ao grande público, sendo vendidos em mercados, feiras, tabernas, diante de igrejas e universidades. Suas capas (exatamente como ainda hoje, no Nordeste brasileiro), traziam xilogravuras, fixando aspectos do tema tratado. Embora a maioria dos folhetos germânicos fosse em prosa, outros apareciam em versos, inclusive indicação, no frontispício, para ser cantado com melodia conhecida na época.
Já a respeito dos panfletos holandeses, tivemos as primeiras notícias através do prof. José Antônio Gonçalves de Mello, nossa maior autoridade em história do domínio holandês no Nordeste brasileiro. Ele examinou panfletos ("pamflet", em holandês) do século XVII, concluindo sobre o seu contudo: "Os temas tratados, pelo menos em relação ao Brasil, que são os que unicamente conheço, são políticos, econômicos, militares, quando não são terrivelmente pessoais. Um relativo à Guiana então holandesa, relata um crime, no qualestão envolvidos personagens que vieram em Pernambuco. Há-os em versos, mais a maioria em prosa, sendo freqüente a forma de diálogos ou em conversas entre várias pessoas. Uns só de uma folha; a maioria contém entre 10 a 20 páginas, em tipo gótico".
Tudo isso mostra à evidência que, embora tenhamos recebido a nossa literatura de cordel via Portugal e Espanha, as fontes mais remotas dessa manifestação estão bem mais recuadas no tempo e no espaço. Elas estão na Alemanha, nos séculos XV e XVI, como estiveram na Holanda, Espanha, França e Inglaterra do século XVII em diante.
No Brasil - não mais se discute -, a literatura de cordel nos chegou através dos colonizadores lusos, em "folhas soltas" ou mesmo em manuscritos. Só muito mais tarde, com o aparecimento das pequenas tipografias - fins do século passado -, a literatura de cordel surgiu e se fixou no Nordeste como uma das peculiaridades da cultura regional.
História do Cordel do Nordeste - Embora o tema (nomes e datas fundamentais em torno dos poetas populares do Nordeste) já tenha sido rasteado por numerosos autores, vamos resumir o que Átila de Almeida condensou, a propósito, em recente ensaio intitulado "Réquiem para a Literatura Popular em Verso, Também dita de Cordel", in "Correio das Artes" João Pessoa, 01.08.1982.
1830 é considerado historicamente, o ponto de partida da poesia popular nordestina. Em torno dessa data nasceram Uglino de Sabugi - o primeiro cantador que se conhece - e seu irmão Nicandro, ambos filhos de Agostinho Nunes da Costa, o pai da poesia popular.
Nascidos na Serra do Teixeira (PB), entre 1840 e 1850, foram seus contemporâneos os poetas Germano da Lagoa, Romano de Mãe D´Água e Silvino Piruá. E já contemporâneo destes, Manoel Caetano e Manoel Cabeleira. São os mais antigos cantadores conhecidos, todos chegando à década que se iniciou em 1890.
A década que começou em 1860 viu nascer grandes nomes, como João Benedito, José Duda e Leandro Gomes de Barros. Mais adiante, na década de 1880, nasceram Firmino Teixeira do Amaral, João Martins de Ataíde, Francisco das Chagas Batista e Antônio Batista Guedes.
Depois dessa época até 1920 - afirma o escritor paraibano -, "a poesia escrita e oral se tornaram coqueluche e os poetas se multiplicam como moscas, principalmente nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará". Só nesse período foram registrados 2.500 poetas populares!
O movimento editorial do cordel, como se sabe, inicia-se com Leandro Gomes de Barros, Chagas Batista e Piaruá. Embora acredite-se que Leandro e Pirauá começaram a publicar folhetos antes de 1900, não existem provas materiais desse fato. Em 1902, Chagas Batista publicou um folheto, em Campina Grande, que existe ainda hoje na Casa "Rui Barbosa", no Rio de Janeiro. Há um outro de Leandro, publicado no Recife, em 1904.
A partir dessas datas, Leandro e Pirauá dominam o mercado de folhetos de cordel. Depois de 1910, surgem outros nomes de autores de folhetos, como Antônio da Cruz, Joaquim Sem Fim, Cordeiro Manso, Manuel Vieira do Paraíso, Antônio Guedes, Joaquim Silveira, João Melchíades, João Martins de Athayde. Na década de 20, emerge outra leva de poetas de bancada, como Romano Elias da Paz, José Camelo de Melo Rezende, Manoel Tomás de Assis, José Adão Filho, Lindolfo Mesquita, Moisés Matias de Moura, Arinos de Belém, Antônio Apolinário de Souza e Laurindo Gomes Maciel.
Nas alturas de 1945, Átila de Almeida vislumbra o que chama de "germe destruidor no comércio de folhetos". Uma fase de decadência em conseqüência de novos fatos determinantes das transformações sociais, como o rádio, o cinema, a aceleração do processo de industrialização do País, a construção de Brasília, a facilidade de novos meios de transporte, estimulando as migrações internas no Brasil. Esses fatores alteram a mentalidade do homem rural nordestino, o grande consumidor da poesia popular escrita oral, ou cordel.


O Que É?
Num ciclo de estudos sobre literatura de cordel, realizado em 1976, em Fortaleza, sob o patrocínio da Universidade Federal do Ceará, indagaram ao prof. Raymond Cantel, da Sorbonne, grande estudioso do assunto, qual seria a definição mais compacta que se poderia dar do cordel. Seria apenas - perguntamos - poesia narrativa, impressa? Imediatamente, ele complementou: Popular.
Então, aqui está a mais reduzida, a mais simples definição sobre cordel: Poesia narrativa, popular, impressa. Todo o acervo da literatura de cordel - cerca de quatorze mil folhetos publicados, para Átila de Almeida, embora outros estudiosos ampliem esse número - não tem sido outra coisa sequer isto: poesia narrativa, popular impressa.
De maneira que, qualquer outra manifestação semelhante ao cordel, cujo conteúdo divirja deste trinômio, deve ser apreciada com reserva. Não é poesia de cordel autêntica.
Só existe uma maneira de identificar o cordel legítimo: é através da analise da ideologia que ele reflete. O poeta popular nordestino é conservador, por excelência. Há que examinar detidamente cada conteúdo dos folhetos, através da linguagem e das idéias que ali transparecem com espontaneidade.
Em geral, o poeta popular nordestino é católico ortodoxo. É amigo do vigário, defendendo-o em todo o sentido. Por sua vez, os padres prestigiam a tarefa dos poetas populares, quando não a exploram. O poeta popular é sempre a favor do governo. Há mesmo um célebre ditado que diz: "Contra o governo, rio cheio e pomba dura, etc..." Como igualmente o poeta popular repudia ou ironiza as inovações da tecnologia moderna. O que não quer dizer que não haja exceções, um bom exemplo é o nosso conhecido conterrâneo, Patativa do Assaré.


A Estrutura da Literatura de Cordel
Do ponto de vista formal, a literatura de cordel se apresenta predominantemente, em estrofes de seis versos ou linhas, sextilhas, a forma clássica. Em menos número, encontramos estrofes de sete sílabas e em décimas. Raramente, surgem folhetos em quadras, que era a forma clássica dos primeiros cantadores de viola, já hoje substituída pelas sextilhas, quando não por uma variedade de formas antigas e modernas
Saliente-se que os folhetos de temas tradicionais e os de época ou "acontecidos" obedecem àqueles tipos de estrofes (sextilhas, setilhas e décimas). Todavia, no que se refere aos folhetos de pelejas ou desafios, a forma é também bastante variada, apresentando-se em mourões, galopes à beira-mar, gemedeiras, etc.
Alguns poetas, como Leandro Gomes de Barros, João Martins de Athayde e outros, eram mais cuidadosos em relação à métrica e rimo dos seus versos. Outros mais modernos, relaxam um tanto seus versos, aparecendo muito "pé-quebrado". O bom poeta de cordel já tem o ritmo do verso no ouvido, a música, que flui naturalmente, sem esforço. Outros, embora imaginosos, são duros de roer na sua métrica e rima. É que aos poetas populares, em geral, interessa-lhes mais o conteúdo do que a forma de expressão.


A Mulher e o Cangaço
Franka
Da história do cangaço
Muito tem pra se saber:
Enfeite e bala de aço,
Conhaque para beber.
A mulher participando,
Sugerindo nesse bando
Outro jeito de viver.
O Cangaço começou
Com o Mestre Cabeleira.
Foi dele que iniciou
Toda aquela pasmaceira,
Pela fala de justiça
E também pela cobiça
Começou a bagaceira.
Violência era o lema
Sesse bando no sertão,
Porém, para este tema,
Houve uma amenização
Com força feminina
Ingressando. De menina,
Mudando essa visão.
As geras diminuira
E até vida poupada,
Devido ao que pedira,
Alguma foi escutada.
Maria Bonita, Dadá,
As duas a comandar
No sertão dessa cruzada
A mulher só ingressou
A partir de Lampião.
Muita coisa se mudou
Com a sua opinião
Pois Maria interferia
Da maneira que podia
Em cada situação
Maria, a mais bonita
Que uma bola prateada,
Usava batom e fita
E andava bem armada,
Se um carro dirigia,
A Ford toda rangia,
Em tudo foi ela ousada.
Dadá foi audaciosa,
Rimava na pontaria,
Era muito corajosa,
Na briga e na montaria.
Vou citar aqui Otília,
Com destaque para Sila
Que merece honraria.
No cangaço, a comida
Pelo cabra era feita,
A mulher era servida
Do que tinha a receita,
Mas, porém, a traição
A levava pra o facão,
Provocando a desfeita.
Baiano amava Lídia
Que amava Bem-te-vi,
No entanto, nesse dia,
Uma lei se fez agir:
Sua lei foi de pulada
Para ter honra levada,
Como chamam por aqui.
Eu falo da violência
Que vitima a mulher,
Que justiça silencia
E todos fazem o que quer:
Estupra, pisa e bate
E no meio do debate
Tudo fica como é.
O destino de Cristina
Foi morrer assassinada.
Diferente de Enedina
Que morreu duma rajada.
Da volante, ou traição,
Elas morriam no sertão.
Faca, pau, bala crivada.
Rosinha, Lili e Lídia,
Nesta "LEI" assassinaram
Cangica, Áurea, Maria,
Pela volante tombaram.
Muitos como Zabalê
E também como a Nenê
Da luta participaram.
Durvinha e Arvoredo,
Cangaceiros do sertão,
Figuras de um enredo
Com muita decapitação.
Esta é uma homenagem
Que trago nesta mensagem
No folheto a intensão.
Pela vida cangaceira
Ninguém faz a opção.
É pedaço de trincheira
Que padece o coração.
Nessa sina traiçoeira
Não se vê outra maneira,
É só guerra e confusão.
No resgate da memória
Tudo pode acontecer.
Aparece na história
A mulher para tecer
Outro lado da versão,
De Pereira a Lampião
Ela procurou vencer!


A Voz Que Canta o Sertão
Gerardo Carvalho
Por ter n'alma muita fé
Até hoje está de pé
Marcado bem nosso chão
Pra que todo mundo ouça
Que tem vida que tem força
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Poeta que sente a dor
Deste sertão sofredor
Nele vive em comunhão.
Pelos fracos pelo pobre
Canta seu canto nobre
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Traz nos rosto sofrimentos
Causados pelos tormentos
Vividos neste torrão.
Mas na alma está bem viva
A energia de Patativa
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Não só canta o seu protesto
Como faz seu manifesto
De uma pura compaixão.
Pois é passível às dores
Dos seus irmão sofredores
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Pelos cantos se o seu apregoa
O seu canto que repessoa
A mais pura inspiração
Que neste "pardal"se aviva
Um canto pra Patativa
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Com seu canto realista
Que nunca foi fatalista
Pois sabe bem a razão
Desta vida ter seus prantos
Que ás vezes abafa os cantos
DA VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Traz no peito a humildade
Na vida serenidade
Pra toda sua geração.
Eis a lição tão discreta
Do nosso grande poeta
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Com toda sua simpatia
Traz em cada poesia
Os traços de bom cristão.
Pois canta sua voz em Deus
Na vida dos irmãos seus
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Neste Nordeste sofrido
Donde se ouve o gemido
De um povo sem proteção
Ha uma ressonância viva
Do canto do Patativa
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO
No Brasil e no exterior
Tá espalhado o valor
Do poeta e sua canção.
Que desperta em todo mundo
Um sentimento profundo
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Lá no seu torrão natal
Não há outro canto igual
Que traga no seu refrão
A vida do campônes
Que não de ter vez
NA VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Cante lá que eu canto aqui
É a canção do Cariri
Que extrapola esta nação.
Canto que não tem fronteira
Ouve-se em terra estrangeira
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Canta a roça e a cidade
E toda a sociedade
que vive neste torrão:
É poesia social
De riqueza cultural
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Num tempo seco danado
morre planta, morre gado
Não nasce nada no chão
Há uma oração que socorre
No cano que nunca morre
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Quando no sertão querido
Tudo parece perdido
Ouvi-se a voz da canção
Que numa canção bem viva
Se junta com Patativa
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Traz no seu canto a alegria
De quem vive em harmonia
Com sua gente com seu chão
Onde sempre faz seu ninho
E nunca cantou sozinho
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Em cada verso traçado
Do seu poema rimado
Nos traz a grande lição:
Só mesmo a força do do amor
Move com tanto fervor
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Na sua Assaré querida
Tudo é sinal de vida
Exceto o cruel verão
Mas fica viva a esperança
No canto que nunca cansa
DA VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
A Deus se eleva um prece
Mais que isso se agradece
Por este Poeta irmão.
Que apesar dos desalentos
Multiplicou seus talentos
NA VOZ QUE CANTA O SERTÃO...
Da poesia popular
Por aqui neste lugar
Não há maior expressão.
Todo sertão reconhece
Seu povo jamais esquece
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO!
O seu jeito humilde e terno
Traz em si valor eterno
Que chamo de mansidão.
Leva a vida assim tranqüilo
Sem nunca perder o estilo
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Quando Patativa canta
Todo o sertão se levanta
Pois é grande a vibração
No peito daquela gente
Que escuta tudo o que sente
NA VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Com a mão encaliçada
De escrever com a enxada
O seu poema no chão
Aos oitenta e nove anos
Entre enganos, desenganos
É A VOZ QUE CANTA O SERTÃO
Canta um canto penitentev Pede ao Deus Onipotente
A mais pura compaixão
Deste povo nordestino
Para que mude o destino
DA VOZ QUE CANTA O SERTÂO...
Com sua vida discreta
Vai andando este poeta
Orgulho desta Nação!
E com o passar dos dias
Canta dores e alegrias
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
O seu cantar não tem hora
Por este Brasil e fora
Aspirando um mundo irmão.
E com vigor da garganta
Sempre atenta se levanta
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Por ser um "cabra da peste"
Sempre cantou o Nordeste
O seu querido torrão
E sua Assaré querida
Canta a morte, canta a vida
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Entre gostos e desgosto
É com o suor do rosto
Que sempre ganhou o pão
Pra sustentar a família
Que hoje canta a maravilha
COM A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Pelo poeta da terra
Nascido num pé de serra
Aos Céus nossa gratidão.
Deus conserve sempre viva
A canção de Patativa
A VOZ QUE CANTA O SERTÃO.
Estas são as homenagens
Aqui por estas paragens
Do fundo do coração
De um "pardal" da voz ativa
Para o ilustre PATATIVA
A VOZ QUE CANTA O SERTÂO



O Soldado Jogador
Leandro Gomes de Barros
Era um soldado francês
Que se chamava Ricarte
Jogador de profissão
E nunca foi numa parte
Que não trouxesse no bolso
O resultado da arte.
Os franceses nesse tempo
Tinham por obrigação
O militar ou civil
Seguir religião
O Papa deitava a lei
Botava em circulação.
Ricarte, soldado velho
Com trinta anos de tarimba
Aonde ele achava jogo
De lasquinê ou marimba
Dizia logo: - Eu vou ver
Água na minha cacimba!
Um dia faltou-lhe o soldo
Pôs-se Ricarte a pensar
Onde podia haver jogo
Que ele pudesse jogar
Era Domingo e a missa
Não havia de tardar.
Dinheiro não tinha um "xis"
A crédito ele nem falava,
Pois o soldado francês
Na taberna onde comprava
Só pegava no objeto
Porém depois que pagava.
Trocou entrada da missa
Veio o sargento chamá-lo
Ricarte ainda pediu
Para ele dispensá-lo
Porém o sargento disse:
- Sou obrigado a mandá-lo!
Ricarte foi para a missa
Com grande constrangimento,
Era obrigado a cumprir
A lei do seu regimento
Mas não podia afastar
O jogo do pensamento.
O soldado na igreja
Chegou, de ajoelhou
Trouxe no bolso da blusa
Um baralho ele tirou
E endireitando as cartas
Uma patota formou.
Não viu que tinha atrás dele
Um sargento ajoelhado
E ali observou
Tudo quanto foi passado
E disse: - Depois da missa
Você está preso, soldado!
Efetuando a prisão
E seguiu no mesmo instante
Foi com o soldado preso
A casa do comandante
Dizendo ter cometido
Um crime muito agravante
- Pronto, senhor comandante
Está aqui preso um soldado,
Que foi ao templo ouvir missa
Lá estava ajoelhado
Encarmassando um baralho
Que traz no bolso guardado
Perguntou-lhe o comandante:
- Quem deu-te esta criação?
Disse Ricarte: - Senhor,
Se ouvisse minha razão
Eu lhe dizia o motivo
Que existe pra esta ação.
- Que motivo tem você
Sabendo que é proibido
Ignora que o jogo
No exército é abolido?
Disse o soldado: - Meu jogo
Muda muito de sentido
- Muda de sentido, como?
Disse Ricarte: - Eu direi;
- Pois explique como é,
Porque eu o ouvirei,
Depois da explicação
O solto ou castigarei!
Disse o soldado: - Primeiro,
É preciso confessar
Que ganho 1 soldo mesquinho
E esse soldo não dar
Para eu comprar um livro
Para na missa rezar!
- Por isso compro um baralho
E rezo nele constante.
- Que reza num baralho?
Perguntou o comandante,
- Há tudo da escritura
Velha, nova, assim por diante...
Então disse o comandante:
- Você vem errado à mim.
Disse o soldado: - Eu explico,
Do princípio até o fim;
Como é essa oração?
Disse o soldado: - É assim:
- Por exemplo: a carta ás
Que tem um ponto somente,
Faz recordar que existe
Um só Deus Onipotente
Quando chamamos por Ele
O encontramos presente.
- Quando eu pego no dois
Ali premedito eu
Que em dua tábuas de pedra
O Criador escreveu
Quando em sarças ardentes
A Moisés apareceu.
- Quando eu pego no três
Me recordo a divinidade
Por exemplo: as três pessoas
Da Santíssima Trindade
Que nós todos conhecemos
O Espírito, o filho e o Padre
- Os 4 lembram-me as quatro
Marias de Nazaré
Que foram Maria Alfa
E Maria Salomé
Madalena e a Virgem Pura
Esposa de São José
- Os cinco me faz lembrar
Aquele dia de fel
As cinco chagas de Cristo
Feitas por mão tão cruel
Que matou crucificado
O filho de Deus de Israel.
- Quando eu pego em 6 de ouro
Faço premeditação
Seis dias o Senhor gastou
Na obra da Criação
Formou tudo quanto existe
Sem em nada por a mão.
- Os 7 lembram-me a hora
Negra, triste, amargura
Os sete passos de Cristo
Em sua paixão sagrada
Com sete espadas de dores
A Mãe de Deus foi cravada.
- Nos oito, vejo as pessoas
Que no Dilúvio escaparam
Noé, a mulher, três filhos
E três noras se salvaram
O resto as águas cobriram
Onde todos se afogaram.
- Quando eu pego nos nove
Vejo na imaginação
Os nove meses ditosos
Da divina encarnação
Que Jesus passou no ventre
Da Virgem da Conceição.
Quando eu pegou no rei
Me lembro do Rei da Glória
O ente mais poderoso
Que já vimos na história
Que não precisa soldado
Para alcançar a vitória.
Quando eu pego na sota
Me vem lembrança daquela
Que toda Jerusalém
Enriqueceu só com ela
Aquela que deu a luz
Ficando a mesma donzela.
Eis aí, meu comandante
As razões do seu soldado
Não posso comprar um livro
Meu soldado e´muito mirrado
Compro um baralho onde rezo
Porque só custa um cruzado.
Então disse o comandante:
- Em todas cartas falaste
Te esqueceste do Valente?
Foi porquê não te lembraste?
Não é também uma carta,
Porquê não apresentaste?
Disse o soldado: essa carta
É uma carta ruim,
Eu quando compro um baralho
Tiro ela e dou-lhe fim
Tem traços deste sargento
Que denunciou de mim.
Disse o comandantea ele:
Ricarte tu és passado
Teus vinte anos de praça
Foi tempo bem empregado,
Vou-te passar a sargento
E dou-te o soldo dobrado.

Autobiografia de Patativa do Assaré
Eu, Antônio Gonçalves da Silva, filho de Pedro Gonçalves da Silva, e de Maria Pereira da Silva, nasci aqui, no Sítio denominado Serra de Santana, que dista três léguas da cidade de Assaré. Meu pai, agricultor muito pobre, era possuidor de uma pequena parte de terra, a qual depois de sua morte, foi dividida entre cinco filhos que ficaram, quatro homens e uma mulher. Eu sou o segundo filho.
Quando completei oito anos, fiquei órfão de pai e tive que trabalhar muito, ao lado de meu irmão mais velho, para sustentar os mais novos, pois ficamos em completa pobreza. Com a idade de doze anos, freqüentei uma escola muito atrasada, na qual passei quatro meses, porém sem interromper muito o trabalho de agricultor. Saí da escola lendo o segundo livro de Felisberto de Carvalho e daquele tempo para cá não freqüentei mais escola nenhuma, porém sempre lidando com as letras, quando dispunha de tempo para este fim. Desde muito criança que sou apaixonado pela poesia, onde alguém lia versos, eu tinha que demorar para ouvi-los. De treze a quatorze anos comecei a fazer versinhos que serviam de graça para os serranos, pois o sentido de tais versos era o seguinte: Brincadeiras de noite de São João, testamento do Juda, ataque aos preguiçosos, que deixavam o mato estragar os plantios das roças, etc. Com 16 anos de idade, comprei uma viola e comecei a cantar de improviso, pois naquele tempo eu já improvisava, glosando os motes que os interessados me apresentavam.
Nunca quis fazer profissão de minha musa, sempre tenho cantado, glosado e recitado, quando alguém me convida para este fim.
Quando eu estava nos 20 anos de idade, o nosso parente José Alexandre Montoril, que mora no estado do Pará, veio visitar o Assaré, que é seu torrão natal, e ouvindo falar de meus versos, veio à nossa casa e pediu à minha mãe, para que ela deixasse eu ir com ele ao Pará, prometendo custear todas as despesas. Minha mãe, embora muito chorosa, confiou-me ao seu primo, o qual fez o que prometeu, tratando-me como se trata um próprio filho.
Chegando ao Pará, aquele parente apresentou-me a José Carvalho, filho de Crato, que era tabelião do 1o. Cartório de Belém. Naquele tempo, José Carvalho estava trabalhando na publicação de seu livro "O matuto Cearense e o Caboclo do Pará", o qual tem um capítulo referente a minha pessoa e o motivo da viagem ao Pará. Passei naquele estado apenas cinco meses, durante os quais não fiz outra coisa, senão cantar ao som da viola com os cantadores que lá encontrei.
De volta do Ceará, José Carvalho deu-me uma carta de recomendação, para ser entregue à Dra. Henriqueta Galeno, que recebendo a carta, acolheu-me com muita atenção em seu Salão, onde cantei os motes que me deram.
Quando cheguei na Serra de Santana, continuei na mesma vida de pobre agricultor; depois casei-me com uma parenta e sou hoje pai de uma numerosa família, para quem trabalho na pequena parte de terra que herdei de meu pai.
Não tenho tendência política, sou apenas revoltado contra as injustiças que venho notando desde que tomei algum conhecimento das coisas, provenientes talvez da política falsa, que continua fora do programa da verdadeira democracia.
Nasci a 5 de março de 1909. Perdi a vista direita, no período da dentição, em conseqüência da moléstia vulgarmente conhecida por Dor-d'olhos.
Desde que comecei a trabalhar na agricultura, até hoje, nunca passei um ano sem botar a minha roçazinha, só não plantei roça, no ano em que fui ao Pará. ANTÔNIO GONÇALVES DA SILVA, Patativa do Assaré


Patativa do Assaré
Talvez Patativa do Assaré não tenha tanto reconhecimento a nível nacional quanto mereça.
Vindo de um mundo diferente da maioria dos poetas brasileiros, Patativa do Assaré se destacou pelo fato de cantar em seus versos, assuntos como a dureza da vida no sertão, os políticos que só chegam nesses lugares quando precisam de votos, a morte causada pela pura falta de alimento ou de atendimento, em meio a tanta miséria, a diferença de vida entre a sua classe, pobre, e as outras. Mas, além disso Patativa também soube cantar as boas coisas de sua terra, as festinhas, os costumes, a natureza.
Uma coisa interessante do poeta é que, apesar de ser um homem de campo, nunca atribuiu seus problemas a um Deus injusto, como se a vida ruim dos lugares onde a seca atinge fosse uma punição divina: Está sempre claro quanto ao que diz respeito à culpa dos "homens da cidade".
Só teve quatro meses de estudo, mas isso só faz provar uma coisa: que apesar de tudo, o talento não se ganha na escola, e mesmo com uma vida tão difícil é possível se tornar um grande trovador e poeta de nossa cultura


O Poeta da Roça
Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabáio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de páia de mío.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.

Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,
E o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastêro, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.

Só canto o buliço da vida apertada,
Da lida pesada, das roça e dos eito.
E às vez, recordando a feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu peito.

Eu canto o cabôco com suas caçada,
Nas noite assombrada que tudo apavora,
Por dentro da mata, com tanta corage
Topando as visage chamada caipora.

Eu canto o vaquêro vestido de côro,
Brigando com o tôro no mato fechado,
Que pega na ponta do brabo novio,
Ganhando lugio do dono do gado.

Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão.

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Morando no campo, sem vê a cidade,
Cantando as verdade das coisa do Norte.


O Que É Folclore?
De conservar o folclore
Todos têm obrigação,
Para que nunca descore
A popular tradição
Os homens de grande estudo
Como Mainá e Cascudo
Guardam sempre nos arquivos
Populares tradições,
Cantigas, superstições
E costumes primitivos.

Você, caboclo, que cresce,
Sem instrução nem saber,
Escuta, mas não conhece
Folclore o que quer dizer;
O folclore é um pilão,
É um bodoque, um pião,
Garanto que também é
Uma grosseira cangalha
Aparelhada de palha
De palmeira ou catolé.

Posso lhe afirmar também
Folclore é superstição
O medo que você tem
Do canto do corujão.

Folclore é aquele instrumento
Para o seu divertimento
Que chamamos birimbau,
E também a brincadeira
Ritmada e prazenteira
Chamada Maneiro-pau.

Folclore, meu camarada,
Ouvimos a toda hora,
É estória de alma penada
De lubisome e caipora.
Preste atenção e decore,
Pois, com certeza, folclore
Ainda posso dizer
Que é aquele búzio de osso
Que você põe no pescoço
Do filho pra não morrer.

É o aboio magoado
Do vaqueiro na amplidão,
É o festejo animado
Da debulha de feijão,
Carro de boi e gaiola
E desafio, à viola,
Do cantador popular.
E também a toadinha
Da Ciranda-cirandinha
Vamos todos cirandar.

Eu e você que vivemos
No nosso pobre sertão
Muitas coisas inda temos
Da popular tradição;
Além de outras, o girau
E a carrocinha de pau
Em vez de bonito carro.
Que prazer, satisfação,
A gente comer pirão
Mexido em prato de barro!

E agora, prezado irmão,
Estes versos lhe dedico,
Lhe dei alguma noção
Do nosso folclore rico.
Não posso continuar,
Pois nada pude estudar,
De dentro do tema saio.
O resto lhe dirá tudo
Romão Filgueira Sampaio,
Mainá e Câmara Cascudo.

Vaca Estrela e Boi Fubá
Seu dotô, me dê licença
Pra minha histora eu contá.
Se hoje eu tou na terra estranha
E é bem triste o meu pená,
Mas já fui muito feliz
Vivendo no meu lugá.
Eu tinha cavalo bom,
Gostava de campeá
E todo dia aboiava
Na portêra do currá.
Ê ê ê ê Vaca Estrela,
Ô ô ô ô Boi fubá.

Eu sou fio do Nordeste,
Não nego o meu naturá
Mas uma seca medonha
Me tanjeu de lá pra cá.
Lá eu tinha meu gadinho
Não é bom nem maginá,
Minha bela Vaca Estrela
E o meu lindo Boi Fubá,
Quando era de tardezinha
Eu começava a aboiá.
Ê ê ê ê Vaca Estrela,
Ô ô ô ô Boi fubá.

Aquela seca medonha
Fez tudo se trapaiá;
Não nasceu capim no campo
Para o gado sustentá,
O sertão esturricou,
Fez os açude secá,
Morreu minha Vaca Estrela,
Se acabou meu Boi Fubá,
Perdi tudp quanto tinha
Nunca mais pude aboiá.
Ê ê ê ê Vaca Estrela,
Ô ô ô ô Boi fubá.

E hoje, nas terras do Sú,
Longe do torrão natá,
Quando vejo em minha frente
Uma boiada passá,
As água corre dos óio,
Começo logo a chorá,
Me lembro da Vaca Estrela,
Me lembro do Boi Fubá;
Com sodade do Nordeste
Dá vontade de aboiá.
Ê ê ê ê Vaca Estrela,
Ô ô ô ô Boi fubá.


Carneiro Portela
O Ceará é um dos estados do Nordeste brasileiro que mais contribui para o enriquecimento da cultura popular, seja com o folclore, com a culinária, a poesia; enfim, com todas as suas formas de manifestação. Carneiro Portela é uma das peças-chave deste processo. Poeta, Radialista e Professor, tem sido o guardião da cultura popular nordestina, empenhado-se na sua divulgação. Poeta do Povo, sabe expressar como ninguém o sentimento de sua gente. Defensor de suas posições e crítico de algumas bandas que insistem em "chamar aquilo de forró...".


Manoel Camilo dos Santos
Manoel Camilo dos Santos nasceu em Guarabora, Paraíba, no dia 9 de junho de 1905. Foi cantador na década de 30. Tendo de cantar em 1940, dedicou-se a escrever e editar folhetos. Iniciou as atividades editoriais em sua cidade natal, indo continuá-las em Campina Grande, onde reside. A Folhateria Santos, por ele fundada, cede, anos depois, seu lugar a A "ESTRELA" DA POESIA, que ele mantém mais como um símbolo, sob cuja égide vem fazendo publicar os raros folhetos que ainda escreve.
Manoel é membro fundador da Academia Brasileira de Cordel, onde ocupa a cadeira nº 25, que tem como patrono Inácio Catingueira.


Severino Milanês
Severino Milanês da Silva nasceu em Vitória de Santo Antão, Pernambuco. Faleceu em seu estado natal, em 1956. Repentista e poeta de bancada, exerceu com aprumo sua atividade poética, tanto na cantoria quanto no folheto. De sua bibliografia constam vários títulos dos gêneros discussão e peleja. A considerar também a lista de romances de amor e histórias de princesas e príncipes encantados, é de se atribuir a MILANÊS predileção por esses dois temas.


Xilogravura
Aspecto de grande importância do Cordel é, sem dúvida, a xilogravura de suas capas. Sabe-se que o cordel antigo não trazia xilogravuras. Suas capas eram ilustradas apenas com vinhetas - pobres arabescos usados nas pequenas tipografias do interior nordestino. A partir da década de trinta, surgiram folhetos trazendo nas capas clichês de artistas de cinema, fotos de postais, retratos de Padre Cícero e Lampião. As xilogravuras ou "tacos", como ainda hoje preferem chamar os artistas populares, usando madeiras leves, como umburana, pinho, cedro, cajá. O gravador Dila foi o primeiro a usar matrizes de borracha vulcanizada, inaugurando assim a linogravura do cordel.
O que significam, em verdade, essas rudes criações dos artistas populares dentro do contexto mais amplo das artes plásticas brasileira?
Um dos mais ilustres críticos de arte do País, Antônio Banto, declarou-nos que as xilogravuras dos artistas do cordel constituem a maior contribuição que o Nordeste já ofereceu ao Brasil no campo das artes plásticas.
A xilogravura - arte de gravar em madeira - é de provável origem chinesa, sendo conhecida desde o século VI. No Ocidente, ela já se afirma durante a Idade Média, através das iluminuras e confecções de baralhos. Mas até ai, a xilogravura era apenas técnica de reprodução de cópias. Só mais tarde é que ela começa a ser valorizada como manifestação artística em si.
No século XVIII, chega à Europa nova concepção revolucionária da xilografia: as gravuras japonesas a cores. Processo que só se desenvolveu no Ocidente a partir do século XX. Hoje, já se usam até 92 cores e nuanças em uma só gravura.
No Brasil, a gravura erudita começa em 1912, com a exposição do artista alemão Lasar Sagall, em São Paulo. Posteriormente, outro artista importante desse gênero de arte foi Oswaldo Coledi, carioca, filho de suiços, professor da Escola de Belas Artes, que deixou discípulos distintos, como Lívio Abramo, Yolanda Mohaliy, Carlos Scliar, todos também xilógrafos reputados, ao lado de nomes mais modernos como Marcelo Grassmann, Fayga Ostrower, Maria Bonomi, Gilvan Samico e outros.
Samico interessou-se vivamente pelas xilogravuras dos artistas populares do Nordeste. Nelas, admirou a genuína expressão da criatividade do nosso artista primitivo: as soluções plásticas sintéticas, o traço forte, incisivo, a rude e bela expressividade dos desenhos, o mundo fantástico dos seres míticos e mágicos das concepções ingênuas. Ao lado de sua literatura, essas xilogravuras do cordel refletiam ideais, anseios e sonhos do homem nordestino.
Na atualidade vários são os xilógrafos de cordel que se destacam. O pesquisador Joseph M. Luyten, no ensaio "A Xilogravura Popular Brasileira e suas Evoluções", enumera os seguintes xilógrafos: Abraão Batista (Juazeiro); Ciro Fernandes (Rio de Janeiro); José Costa Leite (Condado); Marcelo Alves Soares (São Paulo); Minelvino Francisco Silva (Itabuna); Severino Gonçalves de Oliveira (Recife).
Há no País, em nossos dias, deusado interesse pelas obras dos nossos xilógrafos populares. Também nos EE.UU. e na Europa. Há uns 15 anos atrás, a Universidade Federal do Ceará promoveu exposição de xilogravuras de cordel em Paris, com grande sucesso. EM 1978, em São Paulo, na Bienal Latino-americana, o colecionador Luis Ernesto Kawall expôs e sendo a mostra premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
Na década de setenta, apareceram no Nordeste vários álbuns de xilogravuras de cordel. Destacamos os publicados pela Divisão de Cultura da Prefeitura da Cidade de Salvador, Bahia, intitulado "Xilogravura Popular - Cordel", reunidos xilos de Minelvino Francisco para folhetos de Rodolfo Coelho Cavalcante, com apresentação de Rosita Salgado; o da coleção Théo Brandão, "Xilogravuras Populares Alagoanas" (Alagoas, 1973), inserindo tacos de José Martins dos Santos, Manoel Apolinário, Antônio Almeida e Antônio Baixa-funda, com apresentações de Pierre Chalita e Théo Brandão; e "Transportes na Zona Canavieira", divulgando 21 xilogravuras de José Costa Leite (Instituto do Açucar e do Álcool, Serviço de Documentação, Recife, 1972), com apresentação de Mário Souto Maior.



O REI ORGULHOSO NA HORA DA REFEIÇÃO


NOME – O REI ORGULHOSO NA HORA DA REFEIÇÃO
TEMA – Astúcia
AUTOR – Pedro Rouxinol
LOCAL – Sem indicação DATA – Sem indicação
NÚMERO DE ESTROFES – 119 de seis versos de sete sílabas (sextilhas)
REVISÃO- César Obeid
ESQUEMA DAS RIMAS – x a x a x a
OBSERVAÇÃO – As letras repetidas indicam os versos que rimam entre si. Indicam–se com x os versos que não rimam com nenhum outro.
FINAL – Uma estrofe de sete versos (septilha ou obra de sete pés) de sete sílabas, onde aparece o nome do autor, mas não em acróstico. ESQUEMA DAS RIMAS – x a x a b b a (rima chamada aberta, porque o 1º e o 3º versos não rimam com nenhum outro).

BIOGRAFIA DO AUTOR–PEDRO ROUXINOL
Nasceu em Itaporanga – PB e faleceu no Maranhão. Foi cantador e poeta popular, sendo a presente obra a única que consta
em sua bibliografia. (dados recolhidos no DICIONÁRIO BIO - BIBLIOGRÁFICO DE REPENTISTAS E POETAS DE BANCADA – ÁTILA, Augusto F. de Almeida, e ALVES SOBRINHO, José – Editora Universitária – João Pessoa – PB – 1978

O REI ORGULHOSO NA HORA DA REFEIÇÃO


NOME – O REI ORGULHOSO NA HORA DA REFEIÇÃO
TEMA – Astúcia
AUTOR – Pedro Rouxinol
LOCAL – Sem indicação DATA – Sem indicação
NÚMERO DE ESTROFES – 119 de seis versos de sete sílabas (sextilhas)
REVISÃO- César Obeid
ESQUEMA DAS RIMAS – x a x a x a
OBSERVAÇÃO – As letras repetidas indicam os versos que rimam entre si. Indicam–se com x os versos que não rimam com nenhum outro.
FINAL – Uma estrofe de sete versos (septilha ou obra de sete pés) de sete sílabas, onde aparece o nome do autor, mas não em acróstico. ESQUEMA DAS RIMAS – x a x a b b a (rima chamada aberta, porque o 1º e o 3º versos não rimam com nenhum outro).

BIOGRAFIA DO AUTOR–PEDRO ROUXINOL
Nasceu em Itaporanga – PB e faleceu no Maranhão. Foi cantador e poeta popular, sendo a presente obra a única que consta
em sua bibliografia. (dados recolhidos no DICIONÁRIO BIO - BIBLIOGRÁFICO DE REPENTISTAS E POETAS DE BANCADA – ÁTILA, Augusto F. de Almeida, e ALVES SOBRINHO, José – Editora Universitária – João Pessoa – PB – 1978
Quanto é grande a Natureza
Deste mundo universal!
O bem, mistério sagrado,
Luz de todo pessoal –
O malefício, a navalha
Que corta o mundo em geral!


O mundo nos seus princípios,
Era todo diferente:
O povo capitalista,
Ou mesmo o povo indigente,
Eram luzes sem faróis,
Atacando a mesma gente.


As leis eram diferentes:
Nada de civilidade.
Nos impérios, só reinavam
Horror e barbaridade –
Eram coisas rigorosas
Contra toda a cristandade!


Dentro daqueles reinados
As ordens eram penosas:
Seus habitantes viviam
Nas sujeições horrorosas,
Nas liberdades sumíticas,
Nas quedas mais fragorosas!


Os reis baixavam decretos,
Com um dever iracundo;
Isso, por qualquer besteira,
Havia golpe profundo –
Morria, por morte bárbara,
Lancetado todo mundo!

Por isso, caros ouvintes,
Peço–vos toda a atenção,
Para escrever um drama,
Passado na tradição –
A proteção do Eterno,
Na mais penosa aflição.

Quem estuda sabe bem
Quem eram os homens de dantes,
Cheios de barbaridades,
Atoas, ignorantes,
Que praticavam horrores,
Tristonhos, repugnantes.

Se um rei daqueles dissesse
Que conquistava um país,
Jogava todo seu povo
Naquele horror infeliz,
Embora perdesse tudo,
Pra nunca mais ser feliz.


Quando um monarca daqueles
Sentia qualquer abalo,
Jurava tomar vingança,
Matando sábio e vassalo –
E se fosse um próprio filho,
Ele mandava matá-lo.

Porém, num certo país,
Habitava um rei bondoso,
Muito amigo da pobreza,
Justo, bom e caridoso –
Mas tinha uma horrível falta,
Que lhe fazia horroroso.

Ele era tão bom, que
Comia junto a pobreza,
Mostrando a todos que tinha
Amor e delicadeza –
Nem parecia ser dono
Daquela imensa grandeza!

E sempre, todos os dias,
Acostumava mandar
Pegar peixinhos pequenos
Nas águas claras do mar,
Para lhe dar mais sabor,
No momento do jantar.


Porém, prezados leitores,
A ordem aí era dura:
Quem cumprisse aquela ordem
Teria grande ventura,
Porém, se facilitasse,
Baixaria a sepultura.


Se a comida fosse peixe,
Tinha por obrigação
Comer a banda de cima,
Porém a de baixo não-
Ninguém revirava o peixe
Na hora da refeição.

Escreveu mesmo ao seu punho,
Botou num grande edital,
Na sala de refeição,
Sobre um quadro especial,
Dizendo: - Isso é decreto
Da Majestade Real!

O povo dos arrabaldes
Daquilo tudo sabia;
Quando ia na mesa dele,
Aquela ordem cumpria –
Comia o peixe por cima,
Mas em baixo não bulia.

Aquele povo da corte
Com ele se alimentava,
Porém lia os editais,
Na hora que se sentava –
Comia o peixe por cima,
Mas em baixo não tocava.

Para isso ele mandou
Preparar os editais –
Para que todos olhassem,
Com bases fundamentais,
Porque, faltando essa ordem,
O castigo era demais!

Por isso, quem se enganasse
Morria sem remissão:
Era logo condenado,
Se acabava sem perdão –
Passava três dias preso,
Morria sem salvação!

Porém, ao que fosse preso,
Ele dava liberdade
De lhe fazer três pedidos,
Se houvesse necessidade,
Que ele lhe atenderia
De muita boa vontade.

Ele só não atendia
Pedido pra não morrer –
Esse aí, por qualquer forma,
Não poderia atender! –
Porém, pedindo outras coisas,
Tudo podia obter.

Quem ler essa estória veja
Como é o seu preceito:
Nos três dias, três pedidos,
Cada um seria feito,
Porém, no fim de três dias,
Morria, não tinha jeito!

Já findara mais de um pobre,
Porque de nada sabia –
Às vezes, vinha de longe,
O povo nada dizia,
Ia pra mesa inocente,
Virava o peixe e morria!

E assim continuava
Esse modo desgraçado.
O leitor preste atenção
Pois isso foi no passado –
Que um rei, dizendo, fazia,
Nem que morresse estrepado!

Estamos vendo que o rei
Era muito espreitado.
Bem perto do país dele,
Havia um grande condado,
Onde residia um conde,
Seu amigo idolatrado.

No condado, tinha um velho,
Que ao conde acompanhava –
Era esse um velho pagem;
Quando o conde viajava,
Naquelas viagens todas,
A ele sempre levava.

O conde lhe disse um dia:
- Tu és meu vassalo amigo!
Vou fazer uma viagem,
Tu hás de ires comigo –
Na corte do rei Heitor,
Só irei junto contigo!

No outro dia, seguiu
O conde e o seu criado,
O conde sempre falando
Nas coisas de seu condado –
Mas não avisou ao velho,
Visto não ter se lembrado.

Na corte do grande rei,
Eles alegres chegaram.
Os dois monarcas, sorrindo,
Nessa hora se abraçaram;
Sobre os assuntos monárquicos,
Uma hora palestraram.

O conde disse, sorrindo,
Para o monarca Heitor:
- Esse velho é um criado,
Porém tem grande valor –
É um pagem, justamente,
Mas eu lhe devo favor!

Disse o rei: - Está muito bem!
Deve sempre venerá-lo –
Quem possui criado bom,
Com gosto deve adorá-lo!
Disse o conde: - Toda a vida
Soube zelar meu vassalo!

Ouviu-se um som de sineta,
Convidando pra o jantar.
Marchou logo todo povo,
Para se alimentar;
O conde foi com o velho,
Sem de nada se lembrar.

Já estavam todos na mesa,
Quando o conde se lembrou
Que o velho estava inocente
E ele não lhe avisou,
Nem podia avisar mais!
Tristemente, suspirou.

Saía tudo a favor,
Se o velho soubesse ler –
Mas o velho não sabia,
Nem ele pôde dizer.
Disse o conde: - Agora sim!
Meu criado irá morrer!

O conde ficou olhando,
Tristemente a complementar:
- Não posso dizer falando,
Muito menos acenar –
O jeito que tem agora
É o velho se acabar!

O pobre velho, com fome,
Com o peixe se entreteu –
O conde inda acenou,
E o velho não percebeu.
Findou a banda de cima,
Virou a outra e comeu.

O rei, vendo o que se deu,
Como uma fera olhou.
O velho nada sabia –
Dois peixes ainda virou!
Findando- se a janta, o rei
Por esta forma falou:

- Meu amigo e grande conde,
Não precisa te avisar –
Tu sabes que um decreto
Precisa se respeitar!
De acordo com a lei,
Teu pagem vai se acabar!

O amigo sabe bem
Que um decreto é sagrado:
Príncipe que não sustenta
Um dito no seu reinado,
Deve ser lançado fora
Antes de ser coroado!

Disse o conde: - Muito bem!
A lei, pra ser decretada,
Dentro de qualquer país,
Deve ser executada!
A morte ficou pra todos –
Isso não quer dizer nada!

O rei disse para o velho:
- Tu irás para prisão!
De me fazer três pedidos,
Darei toda a permissão –
Porém, no fim dos três dias,
Morrerás sem remissão.

Aviso- te que não faças
Pedido pra não morrer,
Porque, se assim me pedires,
Não poderei te atender –
Porém, pedindo outras coisas,
Tudo se pode fazer!

De momento, o pobre velho
Para a cadeia marchou.
O conde, muito sentido,
No mesmo dia voltou.
Chegando em casa da velha,
A dita história contou.

A velha disse, chorando:
- Valei-me, Maria Virgem!
Caiu sem fala no chão,
Porque deu – lhe uma vertigem.
Quando ela tornou, o conde
Lhe contou toda a origem.

- Que faço agora, senhor?
Devo também me findar?
Porém um filho lhe disse:
- Mamãe, não deves chorar!
Isso aí não vale nada –
Eu tenho um jeito pra dar!

- Meu filho, não tem mais jeito!
Já foi condenado à morte –
Não tem mais jeito que faça
Defendê-lo desse corte!
Disse o rapaz: - Não é nada –
Tudo depende da sorte!

- Meu filho, a pena de morte
Já fora lançada nele!
Disse o rapaz: - Hoje mesmo,
Irei conversar com ele –
Pedir ao rei pra soltá-lo
E prender- me em lugar dele!

A velha disse: - Meu filho,
Será isso grande horror:
Te acabar na mocidade,
No mais tremendo clamor!
Soltar um e morrer outro,
Se torna na mesma dor!

Disse o rapaz: - Minha mãe,
O homem morre na hora!
Do perigo mais horrendo,
Às vezes sai a melhora!
Meu pai deve levar fim
Na casinha da senhora!

Como filho, sou menino –
Ele é mais, como marido!
Outra mais, que já está velho,
Acabrunhado e abatido –
Deve morrer na sua casa,
Como Jesus for servido!


Tenho fé em Deus que o rei
Tudo comigo combina!
Estou pronto a receber
O golpe da guilhotina,
Mas não é como ele pensa –
É como Deus determina!

Adeus, mamãe, vou morrer –
Deus será meu protetor!
Tomou a bênção à mãe dele,
Essa ficou em horror.
Disse ele: - Não lamente –
Deus será a meu favor!

Às quatro do outro dia,
Chegou na grande cidade.
Pediu licença na corte,
Com justicialidade,
Que desejava falar
Com a alta majestade.

Levaram- no logo ao rei
Num majestoso salão.
Ele, chegando, curvou
O joelho no chão.
O rei perguntou a ele:
- Que deseja, cidadão?

Ele disse: - Senhor meu,
Sou uma folha que cai!
Venho fazer – lhe um pedido,
Que de meu coração sai:
Pra me botar na prisão
E libertar o meu pai!

Disse o rei: - Então, tu queres
Te acabar na mocidade?
Disse o rapaz: - Pra morrer,
Não há quem tenha vontade!
Eu quero somente ver
O meu pai com liberdade!

Disse o monarca: - Está bem,
O senhor vai à prisão!
De me fazer três pedidos,
Dou- lhe toda a permissão –
Porém, no fim de três dias,
Morrerá sem salvação!

Aviso logo, não faça
Pedidos pra não morrer,
Porque fazendo, é perdido,
Que eu não posso atender –
Porém, pedindo outras coisas,
Garanto tudo fazer!

Nessa hora, o pobre moço
Saiu dali escoltado.
Levado pra onde estava
O pobre velho encerrado,
Soltaram o velho, dizendo:
- Tu és bem aventurado!


Vai-te embora, que teu filho
Vem servir no teu lugar –
A forca está preparada,
Ele não pode escapar!
Vai rezar com tua esposa,
Pra teu filho se salvar!

O velho, banhado em lágrimas,
Pra sua casa marchou,
Viver junto a sua esposa.
O pobre filho ficou;
Às dez horas da manhã,
O carcereiro chegou.

Trouxe a comida, dizendo
Que o rapaz a recebesse –
Dizendo que o rei mandava
Que ele alegre comesse
E mandasse lhe fazer
O pedido que entendesse.

O rapaz disse: - Senhor,
Me considero perdido!
Não ´tou precisando nada,
De tudo estou bem servido –
De hoje a três dias eu morro,
Para que fazer pedido?

Disse o carcereiro: - Moço,
A lei já foi decretada:
Deve pedir qualquer coisa,
Lei para isso foi criada,
Mesmo embora que o senhor
Não precise mais de nada!

Disse o rapaz: - Sendo assim,
Diga pro rei muito amado
Dar mil contos a papai,
Pra viver mais descansado –
Lhe dê também de presente,
O prédio mais alinhado!

O carcereiro voltou,
Sentindo até palidez,
Dizendo: - Ele já está louco,
Ou sentindo embriagues!
O nosso rei soberano
Vai se morder desta vez!

O carcereiro, na corte,
Depressa deu o recado
Da casa e dos mil contos.
O rei ficou assombrado,
Dizendo: - Preso maldito!
Que pedido condenado!

Porém eu fui o culpado,
Porque lhe dei liberdade –
Mas tudo isso ele me paga,
Juro com toda a verdade,
Quando tirar- lhe a cabeça,
Na maior barbaridade!

Desse primeiro pedido,
O rei muito se sentiu.
Às dez horas da manhã,
O carcereiro partiu –
Agora vamos saber
Que foi que o rapaz pediu.

O carcereiro chegou
E disse para o rapaz:
- Moço, daqueles pedidos,
Por Jesus, não faça mais,
Porque o rei ficou irado –
Pior do que Ferrabrás!

Disse o rapaz: - Meu amigo,
Ele pode se danar!
Meu pai ontem estava pobre,
Hoje tem o que gastar!
Pedido eu não quero mais –
Deixe o rei desembestar!

Respondeu o carcereiro:
- Moço, cumpra seu dever!
Amanhã o senhor morre,
Não tem para onde correr,
Mas o segundo pedido
É obrigado a fazer!

Disse o rapaz: - Sendo assim,
Volte, vá dizer a ele
Que eu mando pedir,
Com toda a esperança nele,
Pra fazer o casamento
De mim com a filha dele!

O carcereiro gritou:
- Valei-me, Nossa Senhora!
Ô pedido condenado!
O que é que eu faço agora?
Se disser isso, é capaz
De morrer na mesma hora!

Amigo, por Jesus Cristo,
Não mande dizer assim!
Faça um pedido maneiro –
Deixe de ser tão ruim!
Se eu disser isso ao rei,
Ele manda dar-me fim!

- É pra dizer que eu mando,
Dê o caso no que der!
Outra, que eu não importo –
Pode morrer quem quiser!
Quero é que o mundo saiba
Que a princesa é minha mulher!

O carcereiro voltou,
Calado, triste e sisudo,
Puxando as barbas de raiva,
Fazendo mais de um estudo.
Chegou dizendo na corte:
- Agora, danou – se tudo!

Disse o rei: - Danou-se, como?
Diga isso, por favor!
- Oh, soberano, ele agora
Mandou pedir um horror –
Que queria se casar
Com a filha do senhor!

O rei, quando ouviu aquilo,
Como demente gritou:
- Morro e mato quem vier!
Ali, do trono saltou,
Danou a coroa no chão,
Que a poeira levantou!


Sacou de mão a espada,
Quis matar o carcereiro;
Virou o trono às avessas,
E saltou para o terreiro
E só não se suicidou
Por causa de um conselheiro!

O conselheiro lhe disse:
- Calma, demore de mão!
Imagine o que é um rei
De uma grande nação –
Precisa resignar-se
E ter mais educação!

Eu sou ministro da corte,
Na frente de tudo estou,
Não admito barulho!
Este conselho lhe dou:
Se não queria essa lei,
Pra que ela decretou?

Agora, não tem mais jeito!
Dê o caso no que der,
Sua filha, ainda hoje,
Se casa, porque Deus quer –
Daqui pra amanhã, fará
Tudo o que o rapaz quiser!

Disse o rei: - A minha ira
Será derramada nele!
Amanhã todos verão
A triste derrota dele!
Só imagino minha filha
Ser de um bandido daquele!

O conselheiro ministro,
Dentro do regulamento,
Mandou chamar o juiz.
De acordo com o mandamento,
Às quatro horas da tarde,
Deu – se logo o casamento.

O rei ficou como fera,
Tristonho, sangüinolento.
Recolheu – se, indignado,
Dentro de seu aposento,
Chorando como criança,
Pensando no casamento.

Falamos no carcereiro.
No outro dia, bem cedo,
Disse consigo: - É agora –
Vou pegar outro torpedo!
Vou lhe deixar a comida,
Porém morrendo de medo!

O carcereiro partiu.
Chegando lá, disse: - Moço,
A corte está se acabando,
No mais tremendo alvoroço!
Por sua causa, o monarca
Quase me arranca o pescoço!

Disse o rapaz: - Meus pedidos
Não quero que se proteste!
Pode morrer todo mundo,
Você também é uma peste –
Falando em gente da corte,
Não tem nenhum diabo que preste!

Diga que eu mando dizer:
Nada mais quero ganhar!
Meu pai está milionário,
Tem um prédio pra morar;
Ele é sogro e eu sou genro –
Pode o mundo se acabar!

Porém eu vou inteirar
Os três pedidos sagrados:
Diga que eu quero ver
Com os dois olhos furados
Quem o viu virar o peixe,
Diante dos magistrados!

Disse o carcereiro: - Moço,
Vai haver um grande engano!
É capaz de pegar fogo
Nas águas do oceano,
Porque quem viu esse caso
Foi o nosso soberano!

Disse o rapaz: - Eu não sei
Se foi o seu rei ou não!
Quero os dois olhos furados,
Diante da multidão,
Quem o viu virar o peixe,
Na hora da refeição!

O carcereiro voltou,
Tristemente imaginava.
Quando penetrou na corte,
O rei presente estava,
Com conselheiros e sábios –
Tudo ali lhe aconselhava.

O carcereiro lhe disse:
- Os planos foram baldados!
Ele disse que quer ver,
Com os dois olhos furados,
Quem o viu virar o peixe
Diante dos magistrados!

O rei foi assombrado,
Dizendo: - Grande desgraça!
Caipora do Satanás!
Não é coisa que se faça –
Eu devia, mesmo agora,
Transformar tudo em fumaça!

Os conselheiros falaram:
- Soberano, não se veixe -
O senhor é o culpado
E do outro não se queixe!
Disse o rei: - Quem foi que viu
O velho virando o peixe?

Disseram- lhe os conselheiros:
- Não venha mais com tolice!
O senhor está nos fazendo
Perguntas de meninice –
O velho virar o peixe,
De nós não teve quem visse!

- Quem foi de vocês que viu?
Me digam, por caridade!
Disse um conselheiro velho:
- Vossa Real Majestade,
Nessa virança de peixe,
Eu nem estava na cidade!

Um disse ali: - Eu não sei!
Disse outro: - Também não!
Disse o outro: - Eu não estava
Na hora da refeição!
Outro disse: - Eu estava aqui,
Mas nem entrei no salão!

Disse o rei: - Isso é o Cão!
Hora maldita e mesquinha!
Olhou para um lado e disse:
- Foi tu que vistes, rainha?
Disse ela: - Foi o Diabo –
Eu estava lá na cozinha!

- Chame as damas – pode ser
Que alguma tenha visto!
Disse uma dama: - Senhora
Dessa peixada eu desisto!
Nem eu nem as outras viram –
Juro até por Jesus Cristo!

O rei disse: - O carcereiro
É muito calmo e moderno –
Se ele viu, não faz negança,
Juro até por Deus Eterno!
Disse o carcereiro: - Vote!
Quem viu foi o Cão do Inferno!

Disse o rei: - O velho conde
Viu e não pode negar!
Vou mesmo mandar chamá – lo,
Para ele sustentar –
O velho criado dele
Não poderá protestar!

E mandou chamar o conde,
Nessa mesma ocasião.
O portador disse ao conde:
- Deus vos salve, cidadão!
O rei manda lhe chamar,
Com o maior precaução!

Disse o conde: - Quem foi lá?
Ele contou o preciso.
O conde disse: - Eu não quero
Que isso fique indeciso –
Pelo que ouço dizer,
O rei fica sem juízo!

Dizendo isso, partiu.
Quando na corte chegou,
O rei abraçou- lhe triste
E toda a história contou,
Dizendo: - Você é prova
De tudo o que se passou!

O conde disse: - Monarca,
Me preste bem atenção:
Eu não vi esse negócio,
Na hora da refeição –
O senhor pode ter visto,
Mas eu mesmo não vi não!

É por isso, meu bom rei,
Que, dentro do meu condado,
Não baixo um decreto desses,
Pra não ficar desfeiteado –
Como o senhor vai ficar,
Dentro do próprio reinado!

O senhor não acha um
Que possa isso provar –
Morrer de olhos furados,
Antes da hora chegar,
É melhor servir de besta,
Para o Diabo montar!

Disse um sábio: - Quem viu isso
Foi a Vossa Majestade!
Disse o rei: - Ave Maria!
É muito menos verdade!
Eu estava aqui, mas não vi –
Juro pela Divindade!

Disse o ministro da corte:
- Eu já estou bem informado
Que o genro do monarca
Não pode ser enforcado –
Pelo que ouço dizerem,
O peixe não foi virado!

O rei não viu, ninguém viu,
A conta já está somada –
Vamos soltar o rapaz,
Dar a questão acabada!
Disse o rei: - Pode soltá-lo –
Não estou ligando mais nada!

Sinto muito minha filha
Ser daquele vagabundo!
Hora negra, miserável!
Momento crítico, imundo!
Não baixarei mais decreto,
Enquanto o mundo for mundo!

Nessa hora, a princesinha
Marchava com seu cortejo,
Abraçar o seu esposo,
Embora contra o desejo.
O pai do rapaz, de alegre,
Deu dez dias de festejo!

O monarca, desgostoso,
Nessa hora adoeceu –
Não falou mais com ninguém,
Não comeu mais, nem bebeu.
O desgosto foi tão grande,
Que com dez dias morreu!

O rapaz, genro do rei,
Foi logo rei coroado.
Mandou enlutar o reino,
Provando ser educado;
Mandou que todos tivessem
Recordação do passado.

Cobriu-se de sentimento,
Segundo sua moral.
Tirou as cargas pesadas
De todo seu pessoal,
Para que fosse querido
Do povo todo em geral.

Tornou-se um justiceiro,
Pra toda sua nação;
Acabou a injustiça,
Firmou a religião;
Morreu de velho, deixando
Pra todos recordação.

Aqui, findou- a história
Dessa velha monarquia,
Dos tempos medievais –
Assim o livro anuncia.
Sou eu, Pedro Rouxinol,
Campeão do arrebol,
No verso e na poesia!




CONSTRUINDO E CONTANDO CORDEL

por César Obeid


SINOPSE

OBJETIVO



O universo que permeia a poesia popular é muito vasto e têm inúmeras possibilidades de aplicação, e as manifestações artísticas, sociais e culturais que queiram fazer mão do seu uso. O cordel e o repente, refletem a vida de um povo, do povo nordestino, do retirante, do migrante, do homem que vive ligado à terra, mesmo que, por força das conseqüências da vida, hoje vive afastado dela. Dentro desse contexto, o qual chamamos popular, o cordel e o repentismo de viola, um segmento do cordel, que é música improvisada, ficou e fica distante do meio, das formas de comunicação, das entidades, das escolas, e das artes, o que proponho nesse trabalho, é fazer o elo entre o popular e as formas de recriação para tal universo. É preciso saber o que é e como é feito o cordel e o repente, não só através da forma das estrofes e das rimas, e sim o seu contexto histórico, o porquê é tão importante e viva essa poesia oral entre o povo nordestino. Difícil achar um nordestino que nasceu no pé da serra que não saiba ao menos uma estrofe de uma história de cordel ou um ditado popular em versos. O que faço no meu trabalho e aqui apresento é mostrar essa cultura, sua importância histórico/cultural, Mostro que a poesia popular é viva, tenho um dos mais completos estudos do cordel e do repente feito na capital paulistana, inclusive acervo fotográfico e vídeo. Mostro e comprovo que o repentismo de viola sobrevive fortemente nas periferias das capitais. Onde existir nordestino, haverá uma dupla de cantadores de viola cantando para esse povo distante de sua terra. Rio, São Paulo e Brasília, foram as cidades que mais receberam migrantes nordestinos, que muito ajudaram a erguer essas cidades, a cantoria e o cordel, os acompanharam, esses artistas populares cantam, até hoje, para esse povo, sofrido e com muita saudade da velha terra onde nasceram e foram criado. Quero e é preciso codificar tudo isso, mostrar o valor dessa manifestação e principalmente, deixar para as futuras gerações a riqueza da nossa poesia popular, que aqui digo: POESIA ORAL, para ser dita, e que seja sempre BEM- DITA!

QUERO APRESENTAR ESTA FORMA DE NARRATIVA, PARA INICIAR O TREINO DA ESCRITA, LEITURA E ESCUTA EM VERSOS. NÃO É DIFÍCIL ESCREVER CORDEL. É SÓ TREINAR E QUERER!!


ESCREVENDO ESTROFES

Para começarmos a trabalhar com o cordel é interessante familiarizar-mos com a forma das estrofes.
São duas as mais utilizadas: sextilha e setilha,
A Sextilha tem seis versos
Vou mostrar sua construção
O segundo, o quarto e o sexto
Rimam em combinação
Os outros versos são livres
Mas não faltam emoção.

A setilha tem sete versos, no esquema (XAXABBA)

Consideramos:
X: versos livres
A e B: Rimam entre si.
E assim vão histórias e histórias, narrativas e narrativas dentro dessa estrura invariável!


RIMA


Consideramos as palavras que rimam entre si, as que têm o mesmo som na sua terminação:

Forte e sorte- rima em "orte"
Paixão e fogão- rima em "ão"
Amado e coitado- rima em "ado"

Estas são rimas perfeitas por terem, além do mesmo som, a mesma grafia.

Por exemplo: AMIGO (rima em "igo") e PARTIDO (rima em "ido") não rimam, pois o som de "igo" e "ido" é diferente!

A palavra "você" também rima com "fazer"?

- Se eu pronunciar "fazê", sim!
- Se eu disser "fazer", não!

Estas rimas são as chamadas imperfeitas, porém muito utilizadas no cordel, por poetas que desconhecem como se escreve as palavras. Fica ao critério do poeta assumir as rimas orais ou as corretas gramaticalmente.

Por exemplo, quais dessas duplas de palavras rimam ou não entre si?

prédio/ médico
astro/ pasto
César/cantar
mistério/desafio
clarão/claro
justiça/ notícia
céu/meu


Nenhuma dessas duplas de palavras rimam entre si!!!

TODA RIMA COMEÇA NA VOGAL DA SÍLABA TÔNICA DA PALAVRA E VAI ATÉ O FIM.

Por exemplo,
- Prédio- rima em "édio", que não tem o mesmo som de "édico", de médico
- "Astro" não tem o mesmo som de "asto"
- César, rima em "ésar" não rima com cantar, terminação em "ar"

Muitas pessoas confundem a rima com o som que forma com o radical da palavra. Por exemplo; "Palmeira" com "Palco". Não! lembrem-se, a rima começa na vogal da sílaba tônica até o fim da palavra.

MÉTRICA


Quanto ao número de sílabas, o mais utilizado é sete. Vejamos
os versos:

"Jõao/ Ba/tis/ta/ res/pon/deu"
e
"Res/pon/deu/ Jo/ão/ Ba/tis/ta"

No primeiro verso, a palavra "João" tem uma sílaba poética e no segundo verso, é um dissílabo. Isso é feito para dar a medida exata entre melodia e texto.


SE UTILIZARMOS UMA MELODIA DE SETE SÍLABAS, O TEXTO NATURALMENTE AS TERÁ.

Toda estrofe de cordel tem uma música, algum tipo de melodia. A partir daí podemos brincar....
- Experimente incluir numa sextilha a melodia da música

"A barata diz que tem
sete saias de filó
é mentira da barata
Ela tem é uma só
Ha! Ha! Ha! Ho! Ho! Ho!
Ela tem é uma só..."

Funciona, não!

Também podemos usar a melodia "Teresinha de Jesus", nas estrofes do cordel, mas segue uma observação.

- A melodia da música "Teresinha de Jesus" foi feita para quatro versos. E, se cantarmos uma sextilha, com uma dessas melodias, sobrará dois versos. O que não chega a ser grande problema e sim pode ficar muito engraçado tentar encaixá-las.

Escrever literatura de cordel não é difícil, mas exige algum treino. O mais importante é saber "o quê" escrever. Talvez começar escrevendo a história em prosa fique mais fácil. Agora o fundamental é lembrar que cordel é literatura oral, para ser dita! Cantada ou falada.
A estrofe tem que ter fluência quando a pronunciamos!
A partir de repetidas vezes dizendo uma mesma estrofe, naturalmente nascerá uma melodia! Isso é importante! Essa melodia ajuda a fazermos a métrica certa!



DE QUADRAS PARA SEXTILHAS


Seguem quadras de Fernando Pessoa, retiradas da obra "Quadras ao gosto popular". Então proponho um simples exercício, fazer dessas quadras, sextilhas. Assim.

Exemplo 1:


"Tenho um livrinho onde escrevo
Quando me esqueço de ti
É um livro de capa negra
Onde inda nada escrevi"
(então eu completo):
Com certeza pra te amar
É que eu mesmo nasci


Exemplo 2:
(posso também iniciar com meus dois versos)


Minha amada lhe pergunto
Porque estou na agonia
"Duas horas te esperei
Dois anos te esperaria
Dize: Devo esperar mais
Ou não vens porque é dia"


Agora, você:


"Duas horas te esperei
Mais duas te esperaria
Se gostas de mim não sei
Algum dia há de ser dia"


"Compreender um ao outro
É um jogo complicado
Pois quem engana não sabe
Se não estava enganado"


"Dei-lhe um beijo ao pé da boca
Para a boca se esquivar
A idéia talvez foi louca
O mal foi não aceitar"


"No baile em que dançam todos
Alguém fica sem dançar
Melhor é não ir ao baile
Do que estar lá sem estar"


"Tenho uma pena que escreve
Aquilo que eu sempre sinta
Se é mentira, escreve leve
Se é verdade, acaba a tinta"


TRANSFORMANDO NARRATIVAS EM PROSA PARA OS VERSOS DO CORDEL


Vamos pegar uma pequena fábula de Esopo,(extraída do livro FÁBULAS. L&M Pocket, 1997)

A Serpente, a Doninha e os Ratos

Uma serpente e uma doninha tinham ido brigar numa casa. Ao ver isso, os ratos, que normalmente eram a presa de uma ou de outra, saíram para estirar as pernas. Mas, quando viram os ratos, uma e outra pararam a briga e os atacaram.
Sejamos discretos enquanto os grandes se batem, senão os golpes sobram para nós.


A primeira coisa é fazer é saber que Donhinha é um pequeno mamífero. Depois vamos separar, a fábula, por ações.

- Briga da serpente e da doninha
- Ratos estiram as pernas
- Ataque aos ratos

TEMOS TRÊS AÇÕES, EXPRESSAS EM TRÊS VERBOS.

É interessante iniciar uma narrativa de cordel com uma apresentação dos personagens ou da situação.

SEMPRE TENHO QUE SABER COMO TERMINA A ESTROFE!

A última palavra do título é "ratos". Não terei dificuldade em achar rimas em "atos"

Caro leitor, eu lhe digo
Explicando todos fatos
Uma fábula bem antiga
Que é contada em três atos
É a história da Serpente,
Da Doninha e dos ratos.

A minha segunda estrofe conta minha primeira ação: "BRIGA" da serpente e a doninha. Tenho rimas fáceis tanto em "iga" em "ente" ou em "inha".
Escolhi terminar esta estrofe com: "briga".

A serpente é um bicho forte
Da doninha é inimiga
Resolveram, numa casa
Acabar com uma intriga
Fizeram luta sangrenta
Nunca vi terrível briga.

Minha estrofe seguinte, conta a segunda ação: "ESTIRAR". referindo-se aos ratos, inimigos da doninha e da serpente. Termino a estrofe em "sonhar" como referência a estirar as pernas, relaxar e dormir.

Os ratos que são suas presas
Lá puderam relaxar
Pois seus grandes inimigos
Começaram a brigar
Com as pernas relaxadas
Começaram a sonhar.

Minha outra estrofe conta a ação: "ATACAR". Porém, não vou terminar em "ar" novamente. Escolho a palavra "devorados".

Os bichos ao verem isso
Se tornaram amigados
A briga foi interrompida
Em gestos abrutalhados
Em apenas três segundos
Os ratos são devorados.


Na última estrofe conto a "moral da história" -
Sejamos discretos enquanto os grandes se batem, senão os golpes sobram para nós.
Resolvo terminar em "nós"

Esta história conta aquilo
Que contavam os avós
Em briga de "gente grande"
É melhor ser bem veloz
E sair dali correndo
Senão sobra para nós.
-------

O próximo passo seria contar esta história repetidas vezes, pronunciá-la em voz alta, encontrando entonações e intenções que deixem os versos mais naturais possíveis. O cordel tem que ser arte viva, presente.
Não é meu objetivo fazer um manual de construção de cordel, e sim orientar o iniciante, a um caminho, um pouca mais curto, para chegar a um bom resultado final.
É importante o autor de cordel saber que cada estrofe tem que ter total aproveitamento, nada pode sobrar ou faltar. É como se ele contasse essa história, e ao fim de cada estrofe, os ouvintes reagissem, ou chorando, ou emocionando-se ou rindo. As rimas e a métrica não podem ser empecilhos para o cordel, pelo contrário, têm que fazer parte de um conjunto para termos a unidade e a presença da oralidade.


Se você ainda tem dúvida, mande-me um e-mail que respondo para esclarecê-la!
Teste radical

Numa rua da cidade, tem um pequeno grupo esperando para um teste de esqueite (skat). Um assistente de diretor ajeita a câmera.
Chega o diretor, que é um colecionador de carros, antigos. Estaciona o carro. Um fusquinha rosa, que brilha de tão novo. Sai do carro; Aperta um botão, os vidro fecha, ele pega uma flanela. Limpa toda poeirinha do carro e vai todo sorridente ao encontro do grupo.

Diretor- Bom dia gente! (cheio de trejeito, desmunhecando)
Grupo - Bom dia.
Diretor - Bom, esse vai ser um teste rápido, vai ser tudo filmadinho né...as manobras de vocês...aquele que for escolhido nós vamos dá uma olhadinha no material, com carinho e agente entra em contato. Boa sorte pra todos ta queridos. Faz uma fila, da direita pra esquerda. Ok boys? good very good.
só vieram cinco ok? O primeiro faça sua apresentação amor.
O primeiro se posiciona.
Diretor - Go!!!!!!!!!!!!!!! good very good o segundo ok?
O segundo se prepara.
Diretor - go!!!!!!!!!!! ok mam beauty. Hoje acho que é o meu dia, eu quero que os outros três se apresentem ao mesmo tempo, quero ver como vai fica, ok boys?
Os outros três garotos se posiciona.
Diretor – Ok vamos lá meninos! Wow! beautiful beatiful beatiful boys good very good (todo saltitante e batendo palmas) pronto amores, num falei que ia ser rapidinho. Vocês foram todos umas gracinhas... (Toma um susto com outro candidato que vai chegando) Wow. That´s a rip off. ( Derrepente um negão, todo sujo, calça rasgada, tênis sujo e deteriorado e com um português impecável ).
Negão – Pô brô vai me desculpando ai sabe; sabe que é velho? É que hoje, o bicho pegou meu brodi. Eu fiquei amarrado numa parada. Aí tio! dexa eu expricar tudo mane. É que o bicho pegou na parada sabe?
Diretor – Não eu não sei mané
Negão – Pô brô! Me da essa óportu garanto que tu não vai se arrepender bicho, é só marcar um dez aí, é pá e bola valeu mermão?
Diretor – E o quer que pegou lá na comunidade? ( com sarcasmo).
Negão – Sabe que é cumpade! e que os alemão, os chimpas do omi, era macaco pá todo lado o bicho pegou, foi maor caôr. Quando uzome sobe, paga geral, só sobe o caverrão, só desce corpos dos irmão trabalhador. morou brô? O material lá, é profiça e o bisoro voa pra cima.
Então, num peida não velho, quebra essa.
Diretor - Ta bom...vai lá, eu quebro essa. tá pronto?
Negão – Já é...é nois maluco, sabia que tu não ia vacilar sangue bom. uh! Valeu.aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa (joga o esqueite no chão faz umas manobra radicais que todo mundo se levanta) e aí maluco mandei bem pá caraça
Diretor – todo mundo foi melhor que isso maluco ( com deboche) vou lhe dá mais uma chances ver se faz alguma coisa diferente dessa vez.
Negão – valeu profiça vou arrebentar a boca da parada dessa vez. (pega velocidade da um 360 da uma cambalhota pula numa grade de proteção faz umas manobras do cacete que a galera toda pula e vibra o diretor olha pro assistente de direção que também ta vibrando e ele se contem)
Diretor – Olha aqui rapaz se quer me impressionar precisa ser algo radical ou não participa da seleção sacou?
Negão – saquei brô mandou bem vou mandar algo radica dessa vez é nois (se afasta um pouco pega velocidade da um 360 cai em cima do alambrado sai deslizando da uma cambalhota caindo em cima do teto do fusca da mais três giros de 360 graus e sai pela frente do fusca ralando o fusca todo e faz uma reverência pra galera com um grito de guerra)
Diretor – (Em estado de choque olhando pro assistente) is not my car!?
Assistente – yes (comemorando gritando) wow! is your car.
(o diretor cai duro).
Entrando numa fria.



Manauense- Bom dia! Tudo bem? Eu gostaria de tira a barba. (Todo sorridente)
Paraense - Pois não...pode sentar aqui, na cadeira. ( põe espuma prepara a lamina e começa um dialogo com o cliente também sorridente) Vai ser só a barba?
Manauense - Como diz o ditado...barba, cabelo e bigode.
Paraense – Quer dizer...quer ficar novo de novo.
Manauense - (Com um largo sorriso) é meu irmão, só assim pra fica mais novo.
Paraense – Pode deixa...eu vou caprichar, você vai sair daqui outra pessoa.
Manauense – (largo sorriso) É mano, de vez enquanto tenho que agradar a patroa.
Paraense – (Fecha a cara e começa a indagar) o senhor é novo por aqui não...é?
Manauense – Sim, cheguei ontem.
Paraense – (Raspando o pescoço do manauense) veio a trabalho?
Manauense – não...tô tirando só uma onda; Vim passar uns dias de férias.
Paraense - Mas, me diga aí! O senhor é de onde? É paraense? Mais um paraense que volta pra curti a terrinha?
Manauense – Não eu sou de Manaus
Paraense – (Dá um tranco no pescoço do manauara) ah! Que dizer que o senhor é de Manaus? Eu jamais pensei que fosse receber um manauense aqui na minha barbearia.
Manauense – (Fica meio assustado com olhos arregalados) que bom. O senhor conhece Manaus?
Paraense – Sim. Nem me pergunte.
Manauense – Gostou de lá? ( Todo apreensivo)
Paraense – (Curto e grosso) não...não gostei não! O povinho nojento aquele.
(Esfregando a lamina na cara do Manauense) eles, falam muito mau do povo paraense.
Manauense – Eu sempre achei isso um absurdo. Nossa gente deveria ser mais unida. (com os olhos quase pulando fora fitado na lamina do barbeiro )
Paraense – (Temperou a garganta e com uma voz completamente anormal) quer dizer, que o senhor não chama o paraenses de ladrão não?
Manauense – Não...! Eu seria incapaz de fazer uma desfeita desta.
Paraense – Mas, o paraense lá em Manaus é conhecido como ladrão, viado, maconheiro, preguiçoso. Isso é inaceitável meu amigo. (acelera a lamina no pescoço)
Manauense – (quase se cagando de medo) mas perto de mim ninguém fala isso não! Se falar vai ouvir mano! Eu moro num bairro onde praticamente só tem eu de manauense o resto todo é do para.
Paraense – Como assim o resto? O que o senhor quer dizer com isso?
Manauense Quero dizer que, adoro os paraense. Se o senhor um dia voltar lá procure lá no meu bairro, alguém que respeita os paraense. Esse sou eu. Não tem um paraense, que não goste de mim; pro senhor ter uma idéia, a Fafa toda vez que vai a Manaus, ela vai direto na minha casa, comer um peixe assado. É uma coisa que eu faço questão de tratar bem; e os paraense
Paraense – Mas por quer?
Manauense – A minha avó era paraense, pense numa pessoa que eu devia muito respeito.
Paraense – (Enfiando a tesoura no nariz dele para aparar os cabelos) devia?
Manauense – É, ela já morreu, mas o respeito continua.
Paraense – (Limpando o rosto dele com uma toalha ) então o senhor conhece a Fafa? (Mudando de tom)
Manauense - Vixe. Mano nós somos unha e carne
Paraense – Vejo que o senhor, é diferente daquela gente. ( Vai pegar a loção pós-barba )
Manauense – (Quando ele se afasta ele se levanta rapidinho) não precisa...Eu tenho uma alergia danada. Só quero saber, quanto custou meu irmão?
Paraense – É dez real só
Manauense – ( Abre a carteira só tem nota de cinquenta) ta aqui ( tremendo todo)
Paraense – O senhor me espera só um pouquinho, que eu vou trocar o dinheiro
Manauense – vixe. Não...não, não precisa. O senhor achar que eu vou fazer questão por uma bobagem dessa? (Sai rapidinho)
Paraense – Taí! Eu que pensei que os manauense fosse tudo filho da puta. Nem tudo estar perdido, esse cara aí, é gente boa. Salvei meu dia.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Esquetes de teatro

As mulheres são guerreiras
O homem sexo frágil

Texto: Moacir Parnaiba

Cenário
A sala de uma casa; com sofá, uma cadeira de balanço, vasos de plantas, uma televisão etc. Um consultório médico improvisado.

1º ato

(Um casal de terceira idade entrando em casa, carregando compras. CLOTILDE e ARNALDO que reclama de tudo).


D. CLOTILDE- Você devia ir ao médico.
ARNALDO- Ver o quê? Eu não tenho nada.
D. CLOTILDE- Você que pensa! Anda todo cambaleando passa o dia todo em casa, se quer o cabelo você manda corta.
ARNALDO- E eu vou gastar dinheiro atôa! Não tenho tempo para isso. Besteira.
D. CLOTILDE- Besteira nada! Você precisa, já olhou suas orelhas? Parece a bunda de um gambá, só tem cabelos, as unhas você já viu? Parece as de um peba. Homem você precisa cuidar do seu corpo, ir ao cabeleireiro, manicura, e depois fazer um check-up. Sabe que você nunca foi ao médico, e só vive se queixando de dores.
ARNALDO- Eu tenho uma saúde de ferro.
D. CLOTILDE- Nunca se sabe.
ANALDO- (Com malícia) Mais a manicura é aquela que vem ai de vez enquando?
D. CLOTILDE- É aquela mesma porque?
ARNADO- Não! Nada! Eu vou poder marcar a massagem pra quando?
D. CLOTILDE- Que massagem?
ARNALDO- (Se fazendo de inocente) Não... digo, a manicura.
D. CLOTILDE- (Olhando por cima dos óculos, cabreira) Ela vai cortar seu cabelo também.
ARNALDO- Ah! também?

(Chega a manicura; Uma moça toda elegante, bonita, avoada, trajando uma saia justa e blusa apertada muito sensual).

D. CLOTILDE- Ela veio para fazer minhas unhas mas eu tenho que ir ao shopping. Ela vai ficar dando uma geral em você.
ARNALDO- (Olhando para as perna da moça disfarçado) Huuum..! eu não estava preparado, mas...
D. CLOTILDE- preparado para quer?
ARNALDO- Não... Nada! você vai demorar?
D. CLOTILDE- Sim vou, Porque?
ARNALDO- (Com malícia) Nada não. (Ela sai) Deus o leve.
ARNALDO- (Animado) Podemos começar a massagem?
MANICURA- Não é massagem não! apenas um corte seu Arnaldo (Provocando).
ARNALDO- (Olhando as pernas da moça) Ah é? que pena!
MANICURA- (De costa abaixa para pegar as ferramentas o provocando) Como é que o senhor vai querer?
ARNALDO- (Olhando as pernas da moça) Dê mais uma abaixadinha minha filha.
MANICURA- (Se virando para ele fingindo não entender) Como seu Arnaldo?
(Sussurrando para platéia) Eu é que me lambuzo toda.
MANICURA- O que o senhor falou?
ARNALDO- Ah! Sim. Cabelo barba e bigode.
MANICURA- (Fingindo não entender) Mais o senhor nem tem barba, nem bigode (acariciando rosto do velho com um certo chamego).
ARNALDO- É mesmo! (passando a mão no rosto) que distração a minha! O que você faz minha filha?
MANICURA- Bem! O senhor precisa rejuvenescer um pouco. Deixe eu ver o que eu posso fazer.
ARNALDO- (Brincando) Pode fazer um 69.
MANICURA- Com essa mente jovem o senhor precisa de uma boa limpeza de pele, um jeitinho nas sobrancelhas, e tirar esses cabelos das orelhas.
ARNALDO- Mais isso vai ajudar em que.
MANICURA- O senhor vai se sentir um garotão de novo, vai aumentar até o vigor. (Faz um gesto com o braço).
ARNALDO- É mesmo? Então pode começar minha filha. (Olhando as pernas dela disfarçado) Olhe que eu já estou com o vigor bem animado.
MANICURA- Então vamos fazer essa limpeza de pele, e vou botar cera quente nos seus olhos para dar um jeito nas suas sobrancelhas. (coloca os produtos no rosto) Pronto seu Arnaldo já está bom, agora é só tirar os produtos e senhor vai ver como tudo vai ficar melhor.
ARNALDO- Se ficar melhor acho que morro.
MANICURA- Pode doer um pouco.
ARNALDO- Que nada eu sou macho vou sentir uma dorzinha atôa.
MANICURA- Então lá vai (puxa a cera arrancando os cabelos das sobrancelhas)
ARNALDO- Aiii!
MANICURA- (Assustada) Doeu seu Arnaldo?
ARNALDO- Ra,ra,ra que nada! Foi só o susto (esfregando os olhos) mais já acabou não foi?
MANICURA- Claro! Eu falei que não doía nada. Agora vou dar um jeito nesse cabelo, e nas orelhas (Coloca cera nas orelhas e corta o cabelo).
ARNALDO- Pronto? Mas já acabou? Não doeu nada tá vendo!
MANICURA- Falta as orelhas seu Arnaldo
ARNALDO- Você acha que minhas orelhas parecem com a bunda de gambá?
MANICURA- Que nada. O senhor tem parentes lobisomem?
ARNALDO- O que?
MANICURA- Nada vou tirar a cera das orelhas.
ARNALDO- Mais isso dói?
MANICURA- Que nada! O senhor nem vai sentir ( puxa a cera das duas orelhas de uma só vez).
ARNALDO- Aiiiii... filha da puta (correndo dentro de casa) primeiro você quase arranca meus olhos agora além de cego, surdo. É de mais, vai matar o caralho pra lá. ( A manicura se assusta e sai correndo) Cachorra da moléstia, puta que a pariu. Agora eu estou desgraçado. (Com exagero)

(Entra D. CLOTILDE)

D. CLOTILDE- Arnaldo meu bem, voltei. Onde está a manicura?
ARNALDO- Botei-a pra correr daqui. aquilo é uma terrorista, quase me matou. Não se deve confiar nesse tipo de gente. Se ela cruzar na minha frente eu mato, e você sabe que eu sou perigoso.
D.CLOTILDE- Deixa eu ver o que ela fez. (Ele se vira para a mulher) Meu deus.
ARNALDO- O que foi? (Exagerado) Agora eu estou desgraçado, eu falei que você não podia me deixar sozinho com ela. E agora o que eu faço de minha vida? (Bem dramático).
D. CLOTILDE- Deixa de ser fresco homem. Você deveria agradecer de joelhos.
ARNALDO- Você deve estar looouca! estou dizendo que a infeliz quase me matou, só faltou arrancar meus olhos, minhas orelhas, e você fala em agradecer?
D. CLOTILDE- (Mostra a cara dele no espelho) Você ficou 30 anos mais jovem, infeliz, e ainda reclama?
ARNALDO- (Admirado com o novo) Menino! que é isso? Bem que a cachorra da moléstia disse que eu ia ficar novo de novo. (contente) Meu bem, ligue pra ela agora, nós precisamos agradecê-la.
D. CLOTILDE- Você não falou que ela quase lhe matou?
ARNALDO- Exagero seu, essa garota é uma santa, e eu tenho umas coisinhas pra ela botar no lugar de novo...
D. CLOTILDE- Que coisinhas são estas?
ARNALDO- Hein...! Não nada. Ra ra ra! Foi só uma brincadeira.
D. CLOTILDE- Brincadeira é? Muito cuidado senhor Arnaldo.
ARNALDO- Mais eu não disse nada! Quantos anos você acha que eu tenho? Que tal 20... não 25 anos.
D. CLOTILDE- Vamos ver se você melhora suas ações.
ARNALDO- Não meu bem! trabalhar eu não posso de jeito nenhum. Trabalho ficou pra maluco, e eu posso ser louco, mas maluco não.
D. CLOTILDE- Pode ser, não. Você é louco de pedra.
ARNALDO- Não dizem que a loucura é o apse da liberdade? Pois bem eu sou um homem livre (se gloriando saem os dois).

Entra uma MÉDICA começa arrumar o consultório.

(toca o telefone)
MÉDICA- Oi! Pode mandar entrar.
(Entra D. CLOTILDE)
D. CLOTILDE- Boa tarde.
MÉDICA- Boa tarde.
D. CLOTILDE- Vim fazer o exame de mama.
MÉDICA - faz bem D. CLOTILDE, pode tirar a blusa. Não deixe de fazer esse exame pelo menos duas vezes por ano porque só assim nós médicos conseguiremos evitar que muitas e muitas mulheres tenham suas mamas retiradas. (Tocando as mamas dela).
D. CLOTILDE- Por que?
MÉDICA- Por falta de prevenção minha amiga. Quando chegam aqui, já estão de uma forma difícil e ai já é tarde demais. Não é toa que se diz que é melhor prevenir do que remediar, certo? E como vai o senhor Arnaldo?
D. CLOTILDE- Está bem, mais às vezes ele se queixa de dores quando vai se sentar.
MÉDICA- Traga-o pra fazer um check-up. Isso é muito importante, ontem mesmo examinei um rapaz ainda novo tive até pena, teve que ser encaminhado às pressas estava com câncer na próstata. Agora imagine, um garoto novo que se achava cheio de saúde.
D. CLOTILDE- Já tentei convencer Arnaldo, mais ele diz que nenhum médico vai enfiar o dedo nele.
MÉDICA- Besteira! Esses homens são bobos, preferem morrer a se submeter-se a um exame de cinco minutos, e hoje em dia já temos técnicas novas não precisa mais meter o dedo em ninguém.
D. CLOTILDE- Você não quer tentar convencê-lo a fazer esse exame? Você é médica saberá como convencê-lo melhor do que eu.
MÉDICA- Não custa nada tentar. E eu já estou saindo pra casa, posso passar na sua casa e conversar com ele.
D. CLOTILDE- ótimo então vamos (Saem ).

(Fim do primeiro ato)


Segundo ato
Entra seu Arnaldo vestido de rapper tocando um instrumento e cantando, dançando fazendo a maior zorra.


ARNALDO:
Tu não nasceu pra pensar, não faça merda rapaz,
Quando pensa, esquenta a mufa ai a merda fede mais
Mais merda por merda todas merdas são iguais
Porque que a merda dos outros para a gente fede mais

Quem cheira a merda dos outros tem pensamentos iguais
Todos já cagaram muito quem é que não caga mais
Eu só peço que me deixe fazer minha merda em paz

Mais merda por merda toda merda são iguais
Porque que a merda dos outros para a gente fede mais

Não gosto de leva e traz quase sempre dá em merda ou mela a quem vos traz
A merda provoca guerra
Por causa de pouca merda no mundo não temos paz
Se é muito ou se é pouco me perdoe se eu sou louco nos somos merda de mais.

Mais merda por merda toda merda são iguais
Porque que a merda dos outros para a gente fede mais


(Entra D. CLOTILDE e a MÉDICA tomam um susto quando veem Arnaldo saltitando pra lá e pra cá).
D. CLOTILDE- Arnaldo... Arnaldo mais o que é isso? (Sem acreditar no que está vendo).
ARNALDO - Ó querida você estava ai! É que eu resolvi entrar para o mundo da música, você não quer que eu cante de novo pra você?
D. CLOTILDE- Nãããão! Que palhaçada é essa dentro da minha casa?
ARNALDO- Eu só estava afinando os instrumentos querida, mas, já terminei. Quem é a moça? Você nem vai apresentar. Eu sou Arnaldo muito prazer (sacode a mão da MÉDICA que fica assustada sem entender nada).
D. CLOTILDE- Ela é a minha médica, a nossa vizinha que mora aqui do lado senhor Arnaldo.
ARNALDO- Ó tia tá tudo em cima com você mesmo ra ra ra (bota a mão nas costa da médica e vai com ela a frente) eu fico olhando você todo dia molhando as plantas só de shortinho, que chuchuzinho. ( ela olha com os olhos arregalados) Mais as tetas estão começando a cair, mais isso é muito comum é só botar silicone que resolve.
4. CLOTILDE- Arnaldo!! (Repreendendo-o).
ARNALDO- Que foi?
4. CLOTILDE- Que palhaçada é essa dentro de minha casa?
ARNALDO- Mais não é palhaçada não querida. Veja só, 1...2...3 merda por merda toda merda são iguais porque que a merda dos outro para a gente fede mais...
D. CLOTILDE- Cheeega...! fora daqui todos vocês, fora.
MANICURA- Mais dona...
4. CLOTILDE- Fora (Apontado a rua).
ARNALDO- É minha banda.
4. CLOTILDE- Que banda?
ARNALDO- De música.
D. CLOTILDE- Que música? Pode me explicar que palhaçada é essa?
ARNALDO- Você mesma vivia dizendo que eu tinha que procurar o que fazer, daí eu tive a idéia da banda de música.
D. CLOTILDE- Que idéia? Que música? Quem lhe enganou dizendo que essa baixaria toda era uma música?
ARNALDO- E não é não?
4. CLOTILDE- Não. Isso pode ser qualquer coisa menos uma música. Você já é um coroa não se tocou que não pode ficar fazenda qualquer tipo de besteira.
ARNALDO- Mas eu ainda posso fazer muita coisa.
4. CLOTILDE- Não! Não pode, você é um velho. E velho não serve para nada.
ARNALDO- Esta vendo doutora? É sempre assim, quando eu tinha 18 anos eu não servia para nada porque não tinha experiência. Hoje que eu tenho experiência para dar e vender não sirvo para nada porque estou velho. Que merda de vida é essa?
MÉDICA- Sr. Arnaldo não foi bem isso que ela quiz dizer.
ARNALDO- Então o que ela quiz dizer?
MÉDICA- Ela quiz dizer, que você não é mais um garoto de 18 anos
ARNALDO- Mais não estou morto. E posso fazer coisas muito melhor do que um garoto de 18 anos.
MÉDICA- Sim... mas os cuidados com a saúde dobram, a quanto tempo o senhor não vai ao médico?
ARNALDO- Mas minha saúde é de ferro.
MÉDICA- Nunca se sabe, e é sempre bom prevenir. O senhor não vem se queixando de dores com ela?
ARNALDO- Eu sempre curei tudo com um chá de boldo.
MÉDICA- Mas chega uma certa idade que a gente precisa fazer um check-up
ARNALDO- Xê o que?
MÉDICA- check-up. É um exame detalhado do corpo.
ARNALDO- E onde que eu posso fazer isso?
MÉDICA- Eu mesma posso fazer isso em dez minutos para o senhor.
ARNALDO- (Pensativo) Mas não vai ter esse negócio de dedada não né? (faz o gesto com o dedo).
MÉDICA- Não...! pode ser que não precise.
ARNALDO- Como assim? Ou é ou não é.
MÉDICA- Pode ser talvez não seja.
ARNALDO- Doutora. com todo respeito nenhuma mulher mete o dedo no meu bio não.
MÉDICA- Prefere que seja um médico?
ARNALDO- Não...! essas coisas não são assim não.
MÉDICA- Se preferir.
ARNALDO- (Botando a médica para fora) O negocio é delicado pra cachorro, você poderia me dar licença um minuto para que eu possa falar com minha doce esposa.
MÉDICA- Sim claro (leva a médica até a porta).
ARNALDO- (Voltando para a esposa) Você viu o que ela falou? A safadeza desta mulher.
D.CLOTILDE- Que safadeza?
ARNALDO- Então você concorda? Você tá pensando que meu bio é brinquedo?
D. CLOTILDE- E você tá pensando que o meu é?
ARNALDO- Mas não é no seu que ela quer enfiar o dedo.
4. CLOTILDE- Mas você toda noite quer enfiar coisa muito pior no meu.
ARNALDO- Mas é diferente.
D. CLOTILDE- É diferente porque o Cu não é seu.
ARNALDO- Clotilde volte aqui (sai atrás dela).

(Fim do 2º ato)

3º Ato- (Entra o Sr. Arnaldo no consultório da médica)

MÉDICA- Bom dia sr...
ARNALDO- Não...não quero papo. Vamos acabar logo com essa história.
MÉDICA- Tudo bem o senhor pode tirar a roupa e deita ali na cama.
ARNALDO- Não vou deitar em lugar nenhum, se quiser é de pé.
MÉDICA- Tudo bem, tudo bem. Mas tire a roupa.
ARNALDO- Mas assim no duro?
MÉDICA- Relaxe senhor Arnaldo. Tudo vai terminar bem, vista um jaleco desses. O senhor vai fecha o olho quando abrir tudo vai ter acabado.
ARNALDO- Óh mulher sem coração meu Deus! Eu vou ficar de olho bem aberto viu?
MÉDICA- Abra um pouco as pernas, e se incline o pouco para trás, fique com as pernas abertas e as mãos em cima da mesa.
ANALDO_ Isso não vai prestar.
MÉDICA- O senhor deve evitar de ficar se mexendo, se não isso vai ser muito pior. (E começa a fazer o toque).
ARNALDO (Faz uma cara de quem está quase explodindo, estufa os olhos, morde os dentes, e começa a levantar igual um sapo quando quer pular).
MÉDICA- Bem tem um pequeno nódulo, mas pode ser que não seja nada. Mas o senhor vai ter que voltar para fazer uma biópsia pra gente ter certeza.
ARNALDO- E o que é isso?
MÉDICA- Bem, eu vou ter que fazer um novo toque e tirar um pouco de tecido para análise.
ARNALDO- Como é que é? A senhora tem coragem de falar isso na minha cara? Não me submeto a isso de jeito nenhum.
MÉDICA- Senhor Arnaldo o senhor pode estar com câncer de próstata e só esse exame pode dizer sim ou não.
ARNALDO- Tudo bem... Tudo bem! Quer me lascar? Então vamos acabar com isso de uma só vez, já estou fudido mesmo ( se posiciona na mesa). (A médica fica sem ação), Como é? Vai querer que eu implore pra levar uma dedada?
MÉDICA- (pega seu instrumento cirúrgico e começa a introduzir). O senhor precisa relaxar (e tira-lhe um pedaço de tecido).
ARNALDO- Relaxar? (bravo) não quer inverter os papéis?
MÉDICA- (olha com um olhar de reprovação nada agradável e aponta o dedo para ele) Olhe aqui...
ARNALDO- Não precisa falar mais nada já entedi.
MÉDICA- Então relaxe mem.
ARNALDO- Aiiii....! (Grita desesperado mas fica imóvel, pega a roupa e sai todo duro e de pernas abertas).
MÉDICA- (Atordoada) Senhor Arnaldo? O senhor está bem? (E vai atrás dele).
CLOTILDE- (Entra na sala e ouve barulhos que vem de fora). (Entra Arnaldo e um vizinho bem velhinho discutindo). Mais o que foi que houve?
VIZINHO- Este senhor ai é um indecente.
ARNALDO- O senhor é que é um sem vergonha.
VIZINHO- Acho melhor senhor me respeitar, ouviu.
ARNALDO- E eu acho melhor o senhor ir limpar sua grama.
CLOTILDE- Mas o que foi que houve?
ARNALDO- Este senhor aí botou o cachorro para fazer coco na minha grama, ai eu fui lá e lasquei a grama dele.
CLOTILDE- Você o que?
ARNALDO- Caguei na grama dele.
CLOTILDE- Você o que?
ARNALDO- Isso mesmo.
VIZINHO- (Furioso) Meu senhor meu cachorro é apenas um cachorrinho.
ARNALDO- E o senhor é um animal.
VIZINHO- Eu sou um juiz de direito. Me respeite.
ARNALDO- Ora! Faça greve, entre pro movimento dos sem teto.
VIZINHO- Isso não vai ficar assim.
ARNALDO- Nããão...! vai ficar fedendo pra cachorro.
VIZINHO- Vá se danar (sai).
ARNALDO- Vá se danar você também.
CLOTILDE- (Morrendo de rir ).
ARNALDO- Você ta rindo de quê.
CLOTILDE- Não acredito que você fez isso.
ARNALDO- Vai lá e veja.
CLOTILDE- Mais isso é muito bom, se eu tivesse a coragem, eu é quem tinha feito isso a mais tempo. ( Se cagando de rir) Todo dia eu é quem limpo o cocô desse cachorro fedorento na minha grama.
ARNALDO- A grama dele é igualzinha a nossa. Porque ele não bota o cachorro pra fazer lá.
CLOTILDE- Por que será que a dos outros incomoda tanto?
ARNALDO- Se os porcos sentissem o cheiro da lama do chiqueiro, não teríamos essas porcarias toda no mundo (filosofando).
CLOTILDE- Do que você tá falando?
ARNALDO- Das pestes, das guerras, das doenças e de toda rabugice.
CLOTILDE- Olha quem fala! Você é um rabugento de carteirinha e tudo.
ARNALDO- Eu não. Eu sou diferente, as pessoas que não me entendem.
CLOTILDE- As pessoas que não te entendem! (Para o público) Essa é nova. E a consulta como foi?
ARNALDO- (Se fazendo desentendido) Que consulta?
CLOTILDE- Como que consulta? Você não foi lá com a médica?
ARNALDO- Fui!
CLOTILDE- E aí?
ARNALDO- Aí você pergunta para ela.
CLOTILDE- Você gostou dos procedimentos dela?
ARNALDO- Olhe aqui dona Clotilde me respeite. Onde já se viu uma falta de respeito dessas.
CLOTIDE- Mais o que foi que eu fiz?
(Sai atrás dele)
(Entra a manicura conversando com uma colega)
MANICURA- Cara nem te conto eu agora estou feita.
COLEGA- Como assim?
MANICURA- Descolei um cara maneiro.
COLEGA- Me conta!
MANICURA- Não...! imagina eu que só arrumava pé rapado agora vou virar madame.
COLEGA- Olha lá! Você sempre se dá mal com suas armações.
MANICURA- Não...! agora é diferente já estou até vendo o final da história. De manicura a prefeita do Rio de Janeiro.
COLEGA- Uaaau...! Agora ela pirou de vez.
MANICURA- Já pensou? Segurança pra lá, segurança pra cá jornalistas me seguindo pra tudo quanto é lado serei ainda mais poderosa do que Evita.
COLEGA- Pode me falar quem é a vítima.
MANICURA- Falo porque meu primeiro namorado não tinha nem se quer uma havaiana. Dei-lhe um pontapé na bunda; o último tinha uma bicicleta de pneus carecas, isso é dose, mas agora me segura porque eu vou com tudo.
COLEGA- Quem é o trouxa?
MANICURA- Um cara aí. Já pensou? Eu sair do subúrbio, e morar na barra da tijuca, e malhar no shopping.
COLEGA- Quem é o cara?
MANICURA- Seu Arnaldo.
COLEGA- Aquele velho feio e maluco. Você tá doida?
MANICURA- Que nada o velho tem grana.
CLEGA- Mas ele não é marido de dona Clotilde?
MANICURA- É
COLEGA- Ela não é sua amiga?
MANICURA- É. Mas e daí? Ela não vive me colocando pra lavar os pés dela. Raspar unhas, raspar isso, raspar aquilo. Aproveito raspo o marido, raspo a conta bancária, tiro tudo dela, boto ela pra lavar pé pra ela ver o que é bom pra tosse.
COLEGA- Coitada de D.Clotilde.
MANICURA- Coitada digo eu. Você acha que é mole ficar aturando essas coroas chatas, tingidas, só porque têm dinheiro acha que pode mandar nos outros. Cuidado para não tirar bife, cuidado para não fazer isso, cuidado para não fazer aquilo, não é assim não. Daqui pra frente tudo vai ser diferente eu não vou mais dar mole pra essa gente não.
COLEGA- E na hora de ir pra cama com ele?
MANICURA- Que cama? Você acha que aquilo sabe mais o que é isso? Só pra dormir e olhe lá, e como todo velho tem problema de coluna.Boto ele pra dormir no chão. Isso faz um bem danado.
COLEGA- Você já pensou no contrário?
MANICURA- Mas que contrário, eu penso pra frente. E enquanto eu tiver isso aqui. (Bate na bunda) Não vou trabalhar pra ninguém mais.
COLEGA- Você não vai querer filhos?
MANICURA- E pra ter filho precisa ser dele?
COLEGA- Mas ele é seu marido maluca.
MANICURA- Mas marido é pra pagar às contas. Homem agente escolhe, tem um montão dando sopa.
COLEGA- Você fala sério?
MANICURA- Mas claro bobinha. E se ele insistir em ter filho, vai ter que ser inseminação artificial certo? Aí eu vou escolher o médico, de preferência um garotão sarado, aí você já vai ficar sabendo quem vai ser o pai.
COLEGA- Os médicos tem um código de ética.
MANICURA- Mas você acha que tem ética que resista as isso aqui. (Mostrado a bunda).
COLEGA- Depois não me volte aqui toda arrebentada.
MANICURA- Que nada! Aquele velho só de sentir a quinturinha vai cair durinho, vai ser moleza.
COLEGA- Você é doida, isso sim. Pronto terminei.
MANICURA- Você espera eu me vestir? É num minuto.(Começa a trocar de roupa) Esses homens se acham espertos, mas, são uns bobos. É só balançar uma saia perto deles que eles começam a se derreter todos. Aí a gente junta o que sobrou em pé deles, e faz o que quer com eles.
COLEGA- Aonde você vai vestida assim?
MANICURA- Dona Clotilde mandou fazer uma faxina na casa dela e aí aproveito para atacar. ( Mostrando as pernas) O que é que você acha?
COLEGA- Acho que você devia ir a igreja orar, isso sim.
MANICURA- O pastor tem dinheiro?
COLEGA- Sei lá! tem mas é dele.
MANICURA- Mas é fácil saber se ele já tem dinheiro. Qual o carro dele?
COLEGA- Sei lá! Acho que é um palio. Um desses carros populares.
MANICURA- Chiii...! Classe mérdia.
COLEGA- Classe o que?
MANICURA- Classe mérdia.
COLEGA- Não é classe média?
MANICURA- Deixa eu te explicar. Existe quatro classes: Uma é o rico.
O rico é aquele, que tem sua casa de morar, tem uma fazenda, tem casas nas praias e muitos carros de luxo. E viaja uma vez por semana ou mais para fora do país. Por exemplo: pode tomar café da manhã na França, almoçar na Inglaterra, e jantar nos Estados Unidos. Isso é um exemplo de rico.
COLEGA- E a classe média?
MANICURA- A classe média, é aquela que tem sua moradia, uma casa no campo, ou na praia, um carro ou dois. Um popular e outro de luxo. E pode viajar uma vez por ano, nas férias a um estado dentro de seu país, certo?
COLEGA- E essa outra classe aí.
MANICURA- Hummm! Isso é um problema. A classe mérdia: É aquela que todo mundo conhece de longe, o cara mora numa casa que nunca termina a obra... ou é alugada. No final de semana, pega seu carro popular. Que comprou pra pagar em quatrocentos e cinqüenta vezes. Enche de gente e engarrafam a estrada daqui para as região dos lagos, gastam de quatro a seis horas para se arrancha numa cabeça de porco que ele diz para os amigos que é uma casa. Vive pendurado igual chato nos pentelhos, ainda diz eu sou classe média baixa. Isso é ridículo.
COLEGA- Ridículo é esse texto, isso não existe. Não vou nem perguntar o que você tem a falar dos pobres.
MANICURA- Pobre? Pobre é a miséria isso não existe nesse país. Vamos ao ataque.
COLEGA- Vai você, Deus me livre.(Saem às duas)

(Arnaldo Voltando com dona clotilde)

ARNALDO- O que foi que eu fiz digo eu. Você deve tá combinado com ela. Deve ter colocado uma câmera pra depois assistir a toda humilhação que passei.
CLOTILDE- Mais que humilhação homem? Do quê você está falando?
ARNALDO- Das dedadas, e de todas as palhaçadas daquela masoquista.
CLOTILDE- Que masoquista? Você pode falar minha língua por favor?
ARNALDO- (Se lamentando quase chorando) Clotilde de Deus ela quase me mata. A desgraçada deve ter um dedo de mais de dois metros, e não estando satisfeita veio com um ferro, ainda maior. Eu estou desmoralizado, é o fim de um homem.
CLOTILDE- Mais ela não disse que tinha uma técnica nova?
ARNALDO- Tudo para mim foi novo de mais, e eu não gostei nada.
CLOTILDE- Mas ela disse que poderia usar a 3tp.
ARNALDO- Que 3tp que nada. Ela usou foi sua tpm e me arrebentou todo, mulher na tpm é fo...
CLOTILDE- Ignorante não estou falando disso não, estou falando do uso da ressonância magnética para evitar a dor, e o risco de biópsia no diagnóstico precoce de tumores de mama e de próstata.
ARNALDO- Como é que você sabe disso?
COLTILDE- Eu leio pelo menos, e me informo com pessoas que sabem mais que eu.
ARNALDO- Eu compro, e pago à vista.
CLOTILDE- É mas não precisava pagar para levar dedadas
ARNALDO- Êpa! (faz um gesto tampando a bunda).
CLOTILDE- A 3tp permite distinguir entre tumores malignos e benignos através de cores, usando scanners.
ARNALDO- Como assim?
CLOTILDE- O exame mostra uma imagem colorida da área estudada.
ARNALDO- O quê?
CLOTILDE- Li isso num jornal. E depois, tirei as dúvidas com a médica.
ARNALDO- Quer dizer que vocês sabiam disso e não me disseram nada? Me deixaram passar pôr este vexame todo?
CLOTILDE- Hora, você não paga à vista? Então compre um livro, e leia-o. Você vai saber isso e muito mais. Seu mão de vaca.
ARNALDO- Você me paga dona Clotilde.

(tocam na porta)

CLOTILDE- Vai abrir a porta.
ARNALDO- (Abre a porta com raiva ) ( entra a manicura).
MANICURA- Oi! Como vai seu Arnaldo
ARNALDO- (Muda completamente a fisionomia) Ótimo. E você?
MANICURA- Melhor agora falando com o senhor... e dona Clotilde é claro.
ARNALDO- ( Pegando uma cadeira para ela sentar-se) Você veio cuidar de minha querida esposa?
CLOTILDE- Não, veio fazer uma faxina nesta casa que eu tenho que sair.
ARNALDO- Ah! Você vai sair ?
CLOTILDE- Vou ao shopping.
ARNALDO- (Pega um jornal e finge que estar lendo)
MANICURA- Por onde eu posso começo dona Clotilde?
CLOTILDE- Pode trocar de roupa e começar pela sala. Limpe os vidro das janelas, os móveis, tudo.
MANICURA- Essa é minha roupa de trabalho... Claro se a senhora não se incomodar.
CLOTILDE- Por mim tudo bem; desde que a casa fique limpa. Bote um avental e a casa é sua, eu preciso sair.

(Sai)

(Seu Arnaldo espera a patroa sair e começa a dar em cima da manicura).

ANICURA - ( Começa a limpar os móveis cantando e provocando-o) 234 –5678 está na hora de molhar o biscoito.
ARNALDO - (Dá um tapa na bunda da manicura).
MANICURA - Pára com isso Sr Arnaldo, Dona Clotilde pode chegar.
ARNALDO - Não! ela hoje vai chegar mais tarde.
MANICURA - O Sr. Tem certeza? Olha lá hem!( Continua cantando) 234-5678 está na hora de molhar o biscoito.
Estou terminando aqui, o senhor vai querer que faça o quê agora senhor...? (Abaixando deixando a calcinha a mostra)
ARNALDO- Dê mais uma abaixadinha minha filha.
MANICURA- Para com isso seu Arnaldo.
ARNALDO - Vem cá gostosa (começa a agarrá-la por trás e beijar)
MANICURA - Ah! espera ai seu Arnaldo. (se atraca com o velho) assim eu não aguento, me da um fogo ai! Seu velho tarado.
ARNALDO - Meu amor. (Joga a manicura no sofá e começa a beijá-la).
MANICURA - Para! Para! Sr. Arnaldo! D. Clotilde pode chegar.
ARNALDO- Vou parar! Já vou parar.
MANICURA- Ai...ai...! gostoso continua continua Arnaldo! Continua neném

(Chega dona Clotilde)

D. CLOTILDE - Arnaldo meu bem, cheguei...! Mas o que está acontecendo aqui?
MANICURA – ( Dá um pulo e diz,) D. Clotilde não esta acontecendo nada. O espanador caiu atrás do sofá e seu Arnaldo estava me ajudando...
ARNALDO- Coitadinha, tropeçou e eu fui ajudá-la a levantar.
D. CLOTILDE- Você está é com outra coisa levantada meu querido. Bem que minhas amigas avisaram. (esbravejando) que não ia dar certo você com esta sainha curta aqui dentro de minha casa.
MANICURA - Calma D.Clotilde eu só queria molhar o biscoi...
MANICURA - (Cortando a manicura) Mas meu bem, não aconteceu nada.
D. CLOTILDE- Arnaldo seu safado. Você não se enxerga não? (Dá-lhe um tapa na cara ) eu não sou cega não.
ARNALDO- Agora é assim? É na pancada? Você está acabada, cheia de celulite, seu tempo terminou. Quer saber, eu vou ficar é com ela mesmo fui tá. Bom pra você?
D. CLOTILDE - Mas Arnaldo! Volte aqui.
MANICURA- Dona Clotilde. Bye bye.
D. CLOTILDE- Arnaldo seu safado volte aqui. Ah! Mas essa cachorra da pá quebrada me paga (quebra um vaso no chão) (entra a médica ).
MÉDICA- Mas o que é que está acontecendo aqui? (Amparando D. Clotilde).
CLOTILDE- Eu peguei o Arnaldo agarrando e beijando a cachorra da Manicura.
MÉDICA- Mas desde quando isso é motivo para desespero? Todo mundo agarra e beija animais toda hora isso é normal.
CLOTILDE- Você não entendeu! A cachorra é a Manicura a própria condenada em quem eu confiei ela aproveitou um descuido meu e estava se atracando com ele dentro de minha casa.
MÉDICA- Agora eu é que não entendi nada. Pode me explicar com mais calma?
CLOTILDE- A manicura que trabalha pra mim acaba de me roubar o Arnaldo.
MÉDICA- Mas roubar como?
CLOTIDE- Peguei os dois no maior amasso aqui no sofá dentro de minha própria casa.
MÉDICA- Mas esses homens não prestam mesmo. Se fosse comigo eu capava o safado.
CLOTILDE- E agora o que é que eu faço?
MÉDICA- Não se preocupe minha amiga. Entregue ele a própria sorte, e você vai ver no que vai dar.
CLOTILDE- Mas o Arnaldo não é mais nenhuma criança, precisa de cuidados.
MÉDICA- Não se preocupe, isso é fogo em palha. Não vai uma semana, ele vai estar de volta igual cachorro sem dono.
CLOTIDE- Com aquele orgulho que ele tem! Acho difícil.
MÉDICA- Que nada! Todo homem é igual, só muda o telefone e o endereço.
CLOTILDE- E o que que eu faço?
MÉDICA- Aproveite para se divertir. Haja como se tivesse sido a melhor coisa do mundo, para você. E você verá o resultado, ele vai voltar babando, ai você bota ele para se arrastar aos seus pés. Se você souber ele vai comer na palma de sua mão.
CLOTILDE- Mas você fala de vingança, eu não seria capaz.
MÉDICA- Que vingança! É só um jogo. Aproveite a oportunidade, e faça ele engolir todo seu orgulho. Os homens as vezes precisam ser maltratados para darem o valor às coisas certas.
CLOTILDE- É isso mesmo minha amiga. O Arnaldo que me aguarde, eu vou fazer ele vestir saia para ele aprender a dar valor a mulher que tem.
MÉDICA- Muito bem! É assim que se fala. No que precisar conte comigo. porque às mulheres são guerreiras e os homens, sexo frágil.
CLOTILDE- E por onde começar?
MÉDICA- Comece pelo começo, finja que você está ótima e o despreze por um tempo e, só depois dê alguma bola para ele, de leve, para ele não ficar mal acostumado, certo? Depois aceite-o de volta mas com algumas condições.
COLTILDE- Que condições são estas?
MÉDICA- Hora o que ele mais gosta?
CLOTILDE- Cerveja gelada, churrasco, ver televisão, etc...
MÉDICA- Corte a cerveja, corte o churrasco, televisão nem pensar, sexo muito pior. Dê jiló para ele comer. Para beber, água ou limonada sem açúcar. Ponha-o para trabalhar dentro de casa.
CLOTIDE- Mas aí, eu vou acabar matando o desgraçado.
MÉDICA- Que nada! O homem não arruma sempre um jeito de pular a cerca, e depois vem se fazendo de vítima. Pois bem! Deixe algumas sobras de bobeira, restos de comida que ele sobrevive.
CLOTILDE- Como é que eu vou fazer isso?
MÉDICA- Olhe aqui. (Entrega o resultado do exame) Isso aqui é resultado do exame, ele tem uma saúde de ferro.
CLOTILDE- Ainda bem! Isso é bom...
MÉDICA- Isso não é bom! Isso é ótimo. Mas ele não precisa saber.
CLOTILDE- Como assim?
MÉDICA- Esconda isso, guarde bem guardado, e diga para ele que ele está nas últimas, e se quiser ter mais tempo de vida tem que seguir o que a médica recomendou. Certo?
CLOTILDE- E se ele descobrir? Ele nos mata.
MÉDICA- Que nada! Com jeito nós conseguimos tudo.
Como dizia o poeta: dizem que a parte mais fraca é a mulher. Mas o homem, com toda fortaleza desce da nobreza e faz o que ela quer. Isso é fato. (blecaute)

(Volta a luz. Entra a manicura andado toda desajeitada, toda arrebentada e sua colega).

COLEGA- Eu te avisei.
MANICURA- É mais se conselho fosse bom não se dava, vendia-se.
COLEGA- E agora?
MANICURA- Agora eu estou desgraçada. O desgraçado me arrebentou, você não está vendo. (faz um gesto com as pernas toda bamba).
COLEGA- Eu avisei para você não cuspir para o alto.
MANICURA- Parece cobrador de aluguel. Não sai de cima o desgraçado.
COLEGA- Mas não era isso que você queria?
MANICURA- Era isso. Mas não com aquele velho safado, você parece que bebê.
COLEGA- Jogou um verde minha amiga, está colhendo ô! Maduro.
MANICURA- Não mais! Dei-lhe um pé na bunda. Vá matar o diabo.
COLEGA- Você mandou o velho de volta?
MANICURA- Ela que faça bom proveito.
COLEGA- Mas seus sonhos? Os planos que você tinha feito?
MANICURA- E desde quando pobre pode sonhar? O sonho de pobre é um pesadelo. Eu não entendo porque Deus fez o pobre.
COLEGA- Olha que tem muitos pobres ricos, e muitos ricos pobres por aí...
MANICURA- Conversa fiada! Pobre é pobre e pronto. Ô praga ruim.
COLEGA- Você não conhece seu lugar não é?
MANICURA- E o pastor, como vai?
COLEGA- O de classe mérdia?
MANICURA- E o que é isso?
COLEGA- Não sei! Você não é quem tem altas definições das classes sociais.
MANICURA- Você leva as coisas a sério demais. Eu sou apenas uma ovelha desgarrada, querendo se juntar ao rebanho (abraçando a outra).
COLEGA- (Se afastando) Nem venha com seus afagos de crocodilo não, que eu te conheço muito bem.
MANICURA- Você que sabe, se sua Igreja não recolhe uma alma que quer se regenerar, tudo bem. Eu vou para Igreja do outro lá.
COLEGA- Lá eles topam tudo né?
MANICURA- Não tem tu vai tu mesmo.
COLEGA- Chantagista! Tudo bem eu te levo. Mas presta atenção.
MANICURA- (Fazendo festa) Pode deixa tô ligada. Glória a Deus, salve alelúia salve. (Saem as duas).

(Entra Clotilde cantarolando uma música)
Tem muitos levando pouco
Tem poucos levando muito
Tem muitos sofrendo muito
Tem poucos sofrendo mais
Falta água e falta pão
Falta pão e falta água
Falta amor no coração
Falta a convicção
Sobra a desilusão
Sobra a corrupção
Sobra a falta de ação
Sobra consciência pouca
Quem tem paz parece louco
Viver bem é para poucos mas é muito cobiçado
Mas todos são maltratados pela peste e pela guerra que nos segue desde do passado
A paz não reina na terra
A guerra reina na terra
A paz só vende um bocado
Por que a guerra vende mais?
Mais...mais...mais...por que a guerra vende mais?
Quero Maaaaaais! Paaaaaaz!

(Entra Arnaldo batendo palmas)

ARNALDO- Muito bem que coisa bonita! Clotilde você pede a paz e eu vos dou minha paz.
CLOTILDE- Eu peço a paz me aparece tormento.
ARNALDO- Eu sou de paz.
CLOTILDE- O que é que você quer senhor Arnaldo?
ARNALDO- Hora querida eu voltei.
CLOTILDE- Voltou para onde? Posso saber?
ARNALDO- Voltei para cá afinal de contas essa é a nossa casa.
CLOTILDE- Você está pensando que aqui é a casa da mãe Joana que você vai entrando e sentando. Ponha-se para fora daqui agora seu galinha.
ARNALDO- Mas querida aqui é minha casa também.
CLOTILDE- E não me chame de querida que eu não sou sua querida. Rala, rala.
ARNALDO- Mas eu vou para onde?
CLOTILDE- Vá curar sua coceira com aquela prostituta.
ARNALDO- Do quê que você está falando?
CLOTILDE- Não se faça de besta para cima de mim não, se não, eu rodo a baiana.
ARNALDO- Eu nunca tive nada com aquela garota.
CLOTILDE- Então o que eu vi aqui foi o quê? Pode me explicar?
ARNALDO- Mas querida às vezes agente vê uma coisa e pensa que é outra.
CLOTILDE- (Indo pra cima dele) Eu não sei onde estou que ainda não te esganei.
ARNALDO- (Se ajoelhando) Eu estou te pedido perdão não me bote para fora que eu não tenho onde ficar eu já estou na rua a mais de um mês vou acabar mendigando. Aquela cachorra da molesta me colocou para fora de casa.
CLOTILDE- Pois vai morar embaixo da ponte.
ARNALDO- Eu imploro, eu beijo seus pés, eu estou arrependido e faço o que você quiser.
CLOTILDE- É mesmo é?
ARNALDO- Qualquer coisa.
CLOTILDA- Então fooora!
ARNALDO- (Chorando) Está bem. Eu vou. Saiba que eu sou um homem doente, e vou morrer embaixo da ponte. Cheio de pulgas, carrapatos, como um cachorro vira-lata sem dono, tomado pela sarna, lepra, equizemas, e outras coisas mais. E a culpa vai ser sua, por não ser capaz de perdoar um pobre arrependido. Saiba você que errar é humano, mais perdoar é divino.
CLOTILDE- Está bem Arnaldo. Vamos parar com essa ladainha eu vou lhe dar uma nova oportunidade.
ARNALDO- E vai me perdoar?
CLOTILDE- Estou pensando.
ARNALDO- Santa mulher!
CLOTILDE- Mais tem algumas condições.
ARNALDO- Eu aceito.
CLOTILDE- Acho bom mesmo ou as coisas vão feder aqui dentro.
ARNALDO- Faça o que você quiser, só não me coloque para fora de casa.
CLOTILDE- Não vá pensando que vai ser moleza não, desta vez você foi longe de mais.
ARNALDO- Imponha às condições, e eu pago o preço e prometo não sair mais da linha. (mudando o tom) Mas querida, eu preciso de comida, muita comida. Porque eu estou morrendo de fome, já não como há mais de uma semana.
CLOTILDE- Tá bom Arnaldo eu vou buscar comida pra matar sua fome.
ARNALDO- Ufa, pensei que fosse ser mais difícil, não sei como eu pude maltratar uma mulher dessa... mas, passado é passado e bola pra frente.
CLOTIDE- Está aqui sua comida.
ARNALDO- Trouxe cerveja? (Pegando o prato) Mais o que é isso aqui? É pra tartaruga?
CLOTILDE- Que tartaruga? Você está vendo alguma tartaruga aqui?
ARNALDO- Mais duas folhas de alface e uma azeitona? É demais.
CLOTILDE - E demais! Pois da próxima vez corto pala metade.
ARNALDO- Você não está falando sério, está?
CLOTILDE- É pegar ou largar.
ARNALDO- (Puxando o prato) Claro que eu aceito. Eu sei que isso é apenas uma salada de entrada mas capricha no feijão, e na carne, porque hoje eu como um leão.
CLOTILDE- Esta é sua refeição. E vai ser seu cardápio até seus últimos dias nesta casa.
ARNALDO- Mas querida duas folha de alface e uma azeitona.
CLOTILDE- Tá bom da próxima vez eu ponho um jiló inteirinho.
ARNALDO- Mas Clotilde assim eu vou morrer de fome.
CLOTILDE- É isso ou rua.
ARNALDO- Não... isso... não! Vamos negociar. Pelo menos um ovo para compor a salada...
CLOTIDE- Tá bom, da próxima vez uma colher de feijão.
ARNADO- E o ovo?
CLOTILDE- Sem sal.
ARNALDO- Ovo sem sal?
CLOTILDE- Não, feijão sem sal. E o ovo não tem.
ARNALDO- Tá bom e o que mais eu vou ter direito aqui nesta casa?
CLOTILDE- A partir de hoje não temos mais empregada você vai cuidar da casa.
ARNALDO- Como assim?
CLOTILDE- Fazer faxina, limpar vidro, cuidar das plantas e etc.
ARNALDO- E que horas eu vou ver televisão?
CLOTILDE- Não tem mais televisão. Acabou o churrasco, e cerveja nem pensar. Se você se comportar direitinho lhe darei um pão no café da manhã.
ARNALDO- Um pão?
CLOTILDE- Sem manteiga.
ARNALDO- É o holocausto agora?
CLOTILDE- É sua dieta, recomendações médicas.
ARNALDO- Que recomendações médicas são estas? Quem foi o médico que inventou isto?
CLOTILDE- Sua médica.
ARNALDO- Por que ela não vai fazer essa receita lá para as bandas do nordeste?
CLOTILDE- Poque lá não tem folhas verdes muito menos azeitonas e pão.
ARNALDO- E por que ela não vai para o inferno? (Pausa) Caramba o que é que eu fiz para merecer isso?
CLOTILDE- Lembra dos exames que você fez?
ARNALDO- Sim mas e daí?
CLOTILDE- Deu positivo.
ARNALDO- Como assim? Eu quero ver?
CLOTILDE- Você tem poucos dias de vida e precisa de uma alimentação controlada se quiser viver esses poucos dias que lhe resta.
ARNALDO- (Cai duro no chão)
CLOTILDE- E levanta porque a médica passou exercícios físicos também e eu já pensei em tudo (entrega a vassoura e o avental).
ARNALDO- (Levantando bruscamente) Como planejou tudo se não sabia se eu ia voltar?
CLOTILDE- Mas você voltou não voltou?
ARNALDO- Voltei, mas, não vou me submeter a isso de jeito nenhum, eu prefiro morrer.
CLOTILDE- A porta da rua é a serventia da casa, pode ir embora agora.
ARNALDO- Não! Eu aceito as condições mais eu quero ver os exames.
CLOTILDE- Ligue para a médica.
ARNALDO- Mas Clotilde tem coisa errada nessa dieta ninguém corta a televisão de um paciente assim não.
CLOTIDE- Se você fizer suas tarefas direitinho eu libero o jornal nacional.
ARNALDO- E o futebol? Tem olimpíada este ano.
CLOTILDE- Depois das vinte e duas horas, vá lá.
ARNALDO- Fedeu geral.
CLOTILDE- Se eu fosse você eu botava logo este avental e começava logo seus afazeres.
ARNALDO- Não pode ser sem o avental?
CLOTILDE- Tudo bem, mas você lava a roupa na mão depois.
ARNALDO- Não...não... então eu coloco o desgraçado do avental.
CLOTILDE- Então pode começar. A casa é sua (sai).
ARNALDO- Esse caroço tem angu, onde já se viu cortar minha cervejinha, o futebol, o churrasco. Essas mulheres são todas iguais, quando querem se vingar, sabem dá a cacetada no lugar certo. Ô praga hein! (interagindo com a platéia) Agora vejam só vocês ai que são homens. Vocês acham que eu mereço uma coisa dessa? Pior é que eu nem posso me separar dela, vocês sabem por quê? Porque com medo de fazer uma besteira eu coloquei tudo que eu tinha no nome dela, que burrada! E agora o que eu faço estou na mão dela, a que ponto eu fui chegar?
CLOTILDE- (Voltando da cozinha com um algumas frutas) Arnaldo você ainda nem começou?
ARNALDO- Já! (começa a enganar limpando a televisão) É que eu já estou um pouco cansado desse trabalho não é mole não, você tá pensando o quê? Ufa!
CLOTILDE- Até ontem eu cuidava de tudo isso sozinha e nunca reclamei de nada, e não vejo porquê você reclama tanto.
ARNALDO- Posso tomar pelo menos uma água?
CLOTILDE- À vontade (Observa ele saindo). Esses homens são uns fracos mesmo, como é que pode? (falando com a platéia) As mulheres começam o dia já trabalhando, fazendo café para o marido que acorda depois. Faz comida para ficar pronta para o almoço, e janta. Leva as crianças na escola e ainda chega no trabalho primeiro que o marido, que já chega para trabalhar de mal humor, aí no final do dia depois de aturar desaforo o dia inteiro volta a rotina. Pega às crianças na escola, traz para casa, bota comida para elas, e começa a limpar a casa, lava roupa, passa, para que no dia seguinte tudo esteja pronto. E ainda tira um tempo para fazer as unhas, sobrancelhas, e tudo mais para agradar porque daí a pouco chega o homem que foi encher o balde de cerveja com os amigos, e olhar para as bundas que passam na rua, e quando chegam em casa, querem que tudo esteja pronto. Daí, chegam comem e fingem que nem viram esposa e caem duro na cama roncando que nem uns porcos. Enquanto a mulher ainda vai lavar os pratos para adiantar o serviço do dia seguinte e nem se quer um muito obrigado recebe, e eles falam de vida dura. Vai parir um filho pra ver como é. Eu acho que no mundo inteiro foi feita libertação dos escravos mais às mulheres continuam ali, escrava do lar. Onde estão os direitos iguais?
ARNALDO- (voltando da cozinha) É que a mulher é o que há de mais autêntico na raça humana, sem elas acho que isso aqui não existia é uma verdadeira obra de arte.
CLOTILDE- Pelo menos numa coisa você está certo a mulher é uma verdadeira obra de arte e não há nada igual no universo.
ARNALDO- Pois bem! Quem foi que fez a mulher?
CLOTILDE- O que você quer dizer com isso?
ARNALDO- Que o homem criou a mulher e tudo que há no universo, por isso; por mais que a mulher se esforce ainda é pouco para reverenciá-lo.
CLOTILDE. A é mesmo (brava) pois a partir de hoje você vai dormir no chão. E não tem mais televisão (sai para a cozinha).
ARNALDO- É fome zero, direitos zeros, televisão zero, a razão zero, e trabalho forçado para contribuir para com os nossos opressores. É mole.
CLOTILDE- Arnaldo onde é que estão as bananas que eu coloquei dentro do fogão?
ARNALDO- Que bananas? (joga as cascas no lixo).
CLOTILDE- Eu contei quantas bananas, e todas às outras frutas que eu deixei lá dentro, e você sumiu com metade das bananas.
ARNALDO- Eu?
CLOTILDE- Não se faça de besta comigo não que você não me enrola mais. Vou sair e quando voltar se tiver sumido um caroço de feijão, você está fora desta casa. E quero a casa limpa (ele começa limpar a casa rapidinho) (Clotilde sai).
ARNALDO- Que é isso? Essa mulher é o capeta. Será que ela contou os caroços de feijão? Meu Deus, acabou meu sonho de liberdade é, porque eu sonhei que;

Dormia e amanhecia com um dia muito belo, a luz brilhava mais forte
o céu abria as portas os anjos as janelas.

O céu era mais azul e a vida se tornou bela.

De tudo eu fazia além e os anjos diziam amém tornando a vida mais bela.

O tempo foi se passando e a graça me acompanhado mais eu não agradecia por ela.

De repente vem as trevas sem ter muita cautela abraçando minha vida e tudo que tinha nela.

Aí, amanhece o dia, olho da minha janela a vida parece linda, o dia parece belo, o sol ainda brilha forte.

Eu olho do lado e vejo o anjo da sorte, indago a esse anjo;

O que foi que aconteceu?

Em tom brusco e chateado, veio e me respondeu.

Tu tinhas tudo da vida e nunca agradeceu. Como num passe de mágica tudo aquilo se perdeu. Com isso eu que pereço, vou sair da tua vida e seguir os passos meus, procurando um começo para agradecer a Deus por tudo que era teu.
É mole?

É mas esse angu tem caroço. E isso não vai ficar assim, (começa a procurar a exame) eu vou ver o que é que diz esse exame, porque isso só pode ser combinação dessas duas pestes, mais se for, elas me pagam. (acha o exame e lê) Parará, parará, parará. Não sei o quê, não sei o quê, não sei o quê, negativo. O quê? Mais essas duas me pagam (arranca o avental e sai furioso) D.Cloti.i.i.ilde.

FIM



Programa de auditório

(A peça começa com a música do programa de rádio a voz do Brasil, entra os jornalistas)


Locutor 1- Em Brasília 19 horas, estar começando a voz do Brasil
Vinheta da música

Locutor 1- O palácio do planalto diante de um impasse constrangedor.
Locutor 2- É a que a comissão parlamentar de inquérito que investiga as CPIS dos últimas 15 anos chegou a uma conclusão surpreendente. Locutor 1- Após anos de investigações eles descobriram que não descobriram nada.
Locutor 2 - Apenas apimentaram o molho da pizza gigante que se forma no Distrito Federal.
Locutor 1- Os senadores, e deputados, se reuniram para comemorar o resultado dessas fantásticas investigações. E para sacramentar seus esforços.
Locutor 2- Decidiram aumentar seus salários, em 100% (barulho de caixa registradora).
Coro - É fantástico
Locutor 1- Sensacional
Locutor 2- Mais primordial
Locutor 1- E agora vamos direto ao Rio de Janeiro com as informações da reporte Helena Grande.

Helena Grande - No Rio de Janeiro os termômetros marcam 40º
Coro – Rio 40 graus cidade maravilha purgatório da beleza e do caos (bis)
Helena Grande - E continua aumentando.
Coro de jornalistas - (Com as principais manchetes de jornais do dia as mais bizarras).
Helena Grande - Do Rio de Janeiro Helena Grande.
Locutor 1- E se desfaz neste momento, em cadeia nacional de rádio “A VOZ DO BRASIL”.

Vinheta da música

Locutor 2- Fique agora com as noticias da câmara dos deputados, e do senado
Coro - A gente vai levando, a gente vai levando, a gente vai levando. (faz um gesto com a mão).
Coro de jornalistas - (Com as mais bizarras reportagens).
Locutor 1- E se desfaz neste momento, mais um noticiário da câmara, e do senado. (Entra uma música bruscamente)


Música
Olha que situação é verdade
Minha sogra é um cão cheio de maldade

A velha é um nó no pescoço
Um cachorro com osso
Um bucho inchado

Pior do que dor de barriga
Crise de lobriga
Furunco inflamado

Refrão

A velha e pior do que enxaquecas
Unha encravada e xeque furado
Pior do que inflação salário atrasado e cobrador do lado

Refrão

A velha é uma dor de barriga
Uma rede de intrigas
Um falso do lado
Preciso estar com os pés no chão ou aturo esse cão ou eu deixo de lado

Refrão

(Entra um locutor acima do normal)

Locutor - Boa noite meu Rio de Janeiro. Está começando mais um programa de auditório “A VOZ DO RIO”, com a apresentação deste que voz fala. (?) E vocês não podem perder ainda hoje, a minha a sua a nossa novela de rádio. Por que aqui a estrela é você! E vamos parar de balela e animar a galera por que está chegando até você o (?)

Entra uma música

“Rio de Janeiro/ cidade que nos conduz/ de dia falta água/ de noite falta luz”

Locutor - Este é o meu Rio de Janeiro; Abandonado por inteiro mas no padrão de beleza sempre será o pioneiro, este não é um programa só de músicas mais de muito entretenimento e muito humor que visa levar alegria para todos os lares do meu Brasil.

Entra a música de Cazuza “Brasil”

Obrigado obrigado, mais muito obrigado, meu Deus. Por mais este dia no Rio de Janeiro.

“Entra a música obrigado”

E agora meu amigo ouvinte que estar chegando do trabalho. É hora de mais um capitulo de nossa novela de rádio.

Entra um locutor romântico






(Na pacata cidade de Buraco Fundo o que há de mais autêntico e a novela de rádio).

Locutor - Boa noite senhora dona de casa meu amigo que est[a chegando do trabalho, povo de buraco fundo meu cordial boaaa! Noite.

(entra em casa uma senhora aflita e liga o rádio apressada)

Senhora- Jesus, minha nossa senhora, eu ia perdendo a hora da novela , mas graças a deus eu cheguei a tempo. ( Respira fundo e começa a ouvir)

Locutor - Está começando mais um capítulo da minha, da sua, da nossa novela predileta, calcinha furada. E no capátulo de hoje a grande noite de ângelo e ângela. ( romântico )

Ângela - Ai meu amor como você esta cheiroso, você vai acabar me deixando louca ai gostoso chega mais, chega mais.

Ângelo - Querida nós vamos ter uma noite fantástica, vamos incendiar esta cama rolando a noite toda, ai meu amor, (fortes suspiros e sussurros ).

Senhora - (Começa a ficar excitada com o diálogo do casal. E, pega o rádio e cola no ouvido. )

Ângela - Ai! Meu amor me abraça mais forte, me beija, me lambe, me bate. Bate mais bate mais forte eu gosto assim vai, vai gostoso, ai ,ai, ai bota , bota tesão.

(Nesse momento a velha já esta começando a subir pela paredes, rola no chão, que loucura).

Ângelo - Querida adoro quando você bota essa calcinha furada, ai! Ela me deixa louco ai, ai a...aaaaaar!(muitos suspiros ).

Ângela - Querido adoro quando você chega assim energizado vai me devora, é assim que eu gosto mesmo. Só você sabe fazer gostoso, ai estou voando gostoso faz mais vai, vai ,vai, ai....iiir!

( Nesse momento a senhora já tem rasgado parte da roupa rolando no chão e beijando o rádio)

Ângela - Ai querido como é grande como é grande! o meu amor por você ai!

(Nesse momento a velha começa a roçar em tudo que objeto praticamente louca ).

Locutor - E amanhã voltaremos com mais um capítulo de sua novela predileta, calcinha furada (voz romântica).

Senhora - (depois de instantes se dá conta que acabou) O que? Acabou? Agora que estava ficando bom. Eu já tava pegando fogo, Jesus! Tenho que apagar esse fogo (pega um objeto e sai ) vou pro chuveiro me libertar desse fogo.

Entra um comercial ( ? )

Locutor - (voltado) E voltamos com vocês, para celebrarmos mais um momento de alegria. Vamos celebrar a vida, e o seu dia a dia, porque por mais difícil que seja a vida, vale apenas ser vivida. Viva para atingir o seu potencial! o que é o que é meu irmão, é a vida é bonita.
Entra a música de Gonzaguinha o que é o que é

Locutor- Que maravilha que saudade que orgulho de ser brasileiro e morar no meu Rio de Janeiro por ue o Rio continua sendo o Rio de Janeiro fevereiro e março alô alô seu Chacrinha aquele abraço.

Entra a música “o Rio de Janeiro continua lindo o Rio de Janeiro continua sendo o Rio de Janeiro fevereiro e março...etc.

Locutor- E voltamos com mais um capítulo de nossa novela predileta
Coro - Calcinha furada.

(Entra a mesma velha do capítulo anterior dentro de uma Igreja e vai ao confessionário).

Velha - Padre, padre Ambrosio! preciso me confessar ( chorando e comendo uma banana).
Padre- Você de novo? (O padre está costurando uma roupa ou manuseando alguma coisa)
Velha - Sim padre, eu de novo. Eu não sei o que é que eu tenho, que nem um homem olha para mim.
Padre- Não será o que você não tem?
Velha - Olhe aqui padre. Eu tenho tudo de bom pra dá, me diga o que é que eu faço com este fogo que me queima.
Padre - Vá aos pés de São Pedro, e reze trezentos pai nosso e trezentas ave Maria. E só volte daqui a uns seis meses, e me diga o que mudou.
Velha- Mas padre? Não é Santo Antônio?
Padre- Por que Santo Antônio, sempre fica com a parte mais difícil? (Com outro tom de voz) Procure São Pedro, ele é mais desocupado.
Velha- Mas padre? Trezentos pai nosso, e trezentas ave Maria, todo dia? O senhor acha isso pouco?
Padre- Tudo bem minha filha! Reze mais quatrocentos credo pela sua desobediência.
Velha - credo!
Padre - Creio em Deus padre, e vá. (ela sai chorando) Todo dia a mesma coisa é de mais! Nem Deus agüenta isso, quanto mais eu que sou padre.

Entra uma Ninfeta toda exuberante e entra no confessionário e começa a falar toda dengosa.

Ninfeta- Padre!
Padre- Pode falar que eu estou ouvindo (continua fazendo algo).
Ninfeta - O senhor está zangado?
Padre - Eu? Que é isso! Todo mundo vem aqui pedir para que eu resolva seus problemas, e eu? Como fico? Quem vai resolver os meus?
Ninfeta - Então o senhor não vai poder resolver meu problema.
Padre - E qual é o seu problema minha filha?
Ninfeta - acho que só Deus.
Padre - Mais um problema para o padre. Todo mundo vem aqui pedir ajuda a Deus, e o padre é que paga o pato, desembuche.
Ninfeta - É que eu estou com problema de amor mau resolvido.
Padre - É só o que me faltava! Toda gorda desta cidade, virem aqui falar de casos de amor mau resolvidos.
Ninfeta - É que minha mãe...
Padre - E quem é sua mãe?
Ninfeta - Maria Sabiar
Padre - Hein! (larga tudo e olha pelo buraco do confessionário) conte-me tudo, não me esconda nada. Eu sou todo ouvido.
Ninfeta - Eu posso voltar depois o senhor estava tão bravo.
Padre - Imagine! Eu? Nada ! eu sou um filho de Deus, que está sempre pronto para cuidar das ovelhas do seu rebanho.
Ninfeta - É que eu, e o Cacau, estamos namorando. E ele ontem me chamou de gotosa.
Padre - Sim é verdade...! Quero dizer... É verdade?
Ninfeta - E depois, ele me beijou na boca.
Padre- Na boooca!
Ninfeta - E depois!
Padre - E depois?
Ninfeta - Depois ele foi descendo, descendo.
Padre - Foi descendo? Malvado ( abraça uma boneca inflável).
Ninfeta - Essa, foi a parte que eu mais gostei. Por que ele, desceu mais, e foi tirando minha roupa com os dentes, uma por uma, e me beijando dos pés a cabeça, eu fiquei louca.
Padre - Eu também estou ficando! ( com um tom de voz diferente).
Ninfeta - E começou subir aquele fogo.
Padre - Esse fogo? (se abanando com as mão).
Ninfeta - Daí, eu não vi mais nada! Porque o fogo me queimava, e queimava fervorosamente. O senhor não imagina a loucura.
Padre - Ah eu imagino...imagino!
Ninfeta - só que minha mãe, bateu na porta do quarto e cortou meu barato. Ele saiu pela janela!
Padre - E aí?
Ninfeta - Eu fiquei no fogo e nada mais.
Padre - Você quer apagar seu fogo?
Ninfeta - Sim quero, eu já não suporto esse fogo! Minha mãe disse que eu, tenho que rezar com o padre porque o senhor é muito experiente, e pode resolver esse problema com poucas palavras.
Padre - Isso é verdade minha filha, venha cá que eu vou lhe mostrar o mapa do caminho.
Ninfeta - Eu só vou tirar minhas coisas e já entro.

(O padre entende, acha que ela vai tirar a roupa, e tira toda a sua roupa também, fica só de cuecão ). ( a velha tem voltado da penitência e vem falar com o padre. Então a garota sai).

Velha - pronto padre! Eu estou pronta.
Padre - Pode entrar meu chuchuzinho! ( agarra a velha e quando vai beija-la toma o maior susto) aaai!! Mas que marmota é esta você de novo? será o Benedito.
Velha - Padre Ambrósio o que é isso? (estupefata)
Padre - Isso o quê?
Velha - ( aponta maravilhada para a cueca do padre).
Padre - ( se enrola com as palavras e com a roupa) Bem... ah...um...um! é um apito de chamar anjos (juntando as roupas).
Velha - Padre eu posso assoprar no seu apito de chamar anjos?
Padre - O quê? ( tampando as coisas) mais o que que a senhora está pensando? Você vai pro inferno. Suma daqui (bravo).

Ela sai correndo

Padre - (tirando as coisas da frente) se bem que num caso desses bem que (sai atrás dela).

Locutor - Mas o que é isso minha gente que loucura.
Entra a música “está chegando a hora” estamos chegando a mais um final de mais um programa de auditório boa noite, boa noite Brasil, boa noite Rio de Janeiro.

Fim






0 Velho safado

Seu Oscar um velhinho de oitenta anos, que vive cantando a nora.



Na sala do apartamento seu Oscar descansa e laurinha limpa os móveis.

Seu Oscar - Tempo bom que não volta mais (abaixando pra olhar a calcinha da nora que está de saia curta).

Laurinha - Do que o senhor está reclamando seu Oscar(continua limpando as coisas).

Seu Oscar - Eu não estou reclamando de nada, dá só mais uma abaixadinha minha filha.

Laurinha - Não entendi seu Oscar. O que o senhor falou seu Oscar?

Seu Oscar- Não é pra entender minha filha, dá só mais uma abaixadinha ( levanta a saia dela, com a bengala ,que dá um pulo brava).

Laurinha - Olha aqui seu Oscar. Seu filho vai ficar sabendo de tudo seu velho safado.

Seu Oscar - Sabendo do quêminha filha?

Laurinha - Dessas gracinhas do senhor comigo.

Seu Oscar – Que é isso minha filha! Minha bengala não sobe mais nem com viagra.
.
Laurinha - Eu cuido do senhor e não quero saber dessa safadeza comigo não.

Seu Oscar – É, suas pernas são muito gostosas, mas eu só queria ver a cor de sua calcinha.
Laurinha - Seu velho safado (continua limpado o sofá).

Seu Oscar - Uuuh! Assim você mata o velho minha filha. abaixe só mais um bocadinho, ai...! É disso que o velho gosta.

(Chega andré e abraça seu pai).

André - Oi pai! Como passou o dia?

Seu Oscar - Meu filho, tigrão, matador.

(Fazem uma festa)

Laurinha - Isso é hora de você chegar em casa André.

André - Eu estava atarefado meu bem ( da um beijo na testa de laurinha).

Laurinha - Eu passo o dia cuidando das coisas e aturando esse velho sem vergonha, e você me dar um beijinho na testa e diz. Eu estava atarefado.
André - Não implica com o meu pai, você sabe que ele está uito frágil.

Laurinha - É eu sei a fragilidade dele, sou eu quem aturo o dia inteiro.

Seu Oscar - É verdade meu filho recebi o dinheiro.

Laurinha - Velho safado. Se fazendo de surdo, ainda boto ele pra sair daqui correndo.
Seu Oscar- Tá vendo meu filho ela falou que eu estou morrendo.

André - Deixa ela meu pai, vamos dar uma volta comigo lá na praça. Lá tem muita gatinha bonita a essa hora.

Seu Oscar - Tudo de sainha curta?

André - Sim. Todas de saia curtinha.

Seu Oscar - Uuuh! Essas mulheres gostam de maltratar os homens meu filho.
André - Que mulher nervosa essa minha.

Seu Oscar - Não esquenta meu filho, mulher é assim mesmo.

André - Pai vamos jogar xadrez.

Seu Oscar - Xadrez?

André - É pai eu como a dama você come o valete.

Seu Oscar - Eu não como ninguém a muito tempo mas, não custa nada tentar não é mesmo.

(Saem os dois brincado)



A espada

Uma mulher está esperando o amante que está atrasado e ela fica resmungando.

Muié - Cadê esse diacho desse Bertino que não chega? Esse home vive sempre atrasado, ô lástima, será o benedito.

Bertino - (chega todo imbaraçado fumando um cigarro de palha). Muié tu já tá ai? tudo bom?
Muié - Tudo bom nada, (brava) como é que ocê me deixa esse tempo todo esperando? Mais que cacete.

Bertino - Mais foi por causa do cacete muié... que dizer. Tu num sabe como é aquela desgraçada da minha muié, fica me pertubando o tempo todo, e descobriu tudo muié.

Muié - E como é que tu vai dizer pr'aquela tua muié que a gente tava junto home?

Bertino - Ô muié, aquela desgraçada me pertuba tanto que acabou escapulindo.

Muié - Mais Bertino como é que tu deixa escapuli uma coisa dessa home? Isso é o tipo de coisa que tem que ser firme.

Bertino - Mas tu sabe como é aquela muié.

Muié - Mais home tu sabe que aquela tua muié é maluca, e, só vive com aquela pexeira na mão.

Bertino - Muié, tava só nós dois naquele quarto apertado, ela com aquela pexeira na mão me cutucando eu ia pá um lado, e ia pro outro, e a espada subia e descia, e eu com medo que ela cortasse minha espada fora.

Muié - Bertino você ficou louco com a espada não se brinca, imagina você sem sua espada?

Bertino - Muié eu sem minha espada não sou nada, o mundo acaba pra mim.

Muié - É Bertino você sem sua espadas nem pensar. Eu acho melhor a gente não fica junto hoje, você vai pra um lado, e eu vou por outro lado, depois a gente conversa.

Bertino - Eu acho bom mesmo.

Muié - Sabe como é esse pessoal, fica tudo de olho tomando conta da vida dos outros, tchau Bertino. (vai saindo).

Bertino - tchau muié.

Muié - bertino cuidado com a espada.

Bertino - tá bom muié.

A mão mágica

Mãe e filha vão andado e conversando na rua e planejando um trambique.

Mãe- Hoje não deu pra descolar nada filha. a situação está preta.
Filha- Por mãe! Temos que pegar um otário.
Mãe- Mas quem?
(no momento passa um turista e vai em direção ao ponto de ônibus; pega a carteira e fica passando o dinheiro, procurando trocado).

Filha- Olha aquele homem mãe! Quanto dinheiro na carteira.
Mãe- Ele não nos viu, esse é o otário perfeito. Já sabe o que fazer né?
Filha- Claro! nunca falhei.

(A mãe aborda o homem e começa a tramoia).

Mãe- Bom dia moço. Por favor o senhor sabe me informar se passa aqui o ônibus 171?
Turista- Não conheço esse ônibus não, aqui só passa ônibus de turismo minha senhora.

(enquanto a mãe distrai o turista, a filha vem por trás e tira a carteira que está no bolso dele e faz deboche contando o dinheiro e mostrando a platéia).

Mãe- Esse ônibus passa lá no Grajaú, você não conhece?
Turista- Tem um que passa naquela rua.(aponta a rua).
Mãe- Qual a rua?
Turista- Você vai aqui direto pega a primeira a direita tem uma transversal esse ônibus passa lá.

(a filha se aproxima da mãe)

filha- Vamos mãe.
Turista- É sua filha?
Mãe É não é uma graça?
Turista- Realmente é muito simpática.
Mãe- Ah moço, essa menina tem uma educação exemplar, faz tudo que eu mando, é esperta que você nem imagina.
Turista- É de gente assim que o brasil precisa. ( faz um carinho na criança)
Mãe- É moço eu acredito que sim, ela tem uma dedicação! uma mão mágica tudo que ela bota a mão ela consegue. É esperta que o senhor nem imagina. Bom foi bom falar com o senhor, o senhor nem sabe o quanto, mas tenho que ir embora. Moço cuidado aqui passa muito trombadinha fique de olho.
Turista- Tá! Tô ligado. Muito obrigado mas meu ônibus passa logo tchau.
(as duas saem e somem rápido )

Turista- ( bota a mão no bolso não acha a carteira). Eu tenho certeza que botei a carteira aqui que droga, onde será que eu a deixei? Não! Não pode ser! A garota esperta ela levou minha carteira, socorro pega ladrão.(sai correndo a procura das duas).


A partida de golfe

(Duas moças, preparam-se para uma partida de golfe; acertam os tacos, coloca o lanche de lado, começam a se concentrar, e colocam a bola no chão. Do nada aparece um cara muito pentelho e começa a dar peruadas no jogo das duas)

Pentelho- Oi! Tudo bom? (Ninguém responde, com um sorriso amarelo) é que eu estava olhando vocês jogarem lá de longe e pensei que podia ajudar; é que sou um dos melhores jogadores daqui, eu estou vendo que vocês precisão de umas aulinhas, não! Essa jogada por exemplo (pega o taco ).
Bina- Esperai! meu essa partida é nossa (toma o taco de volta).
Bete- Se manca rapaz, qual é a tua hein?
Pentelho- Calma moça, eu só quero ajudar vocês a não errar. Me empresta esse taco por favor.
Bina- Não vem não!
Bete- Que cara chato! (se concentrando para fazer uma jogada)
Pentelho- ( Fica olhando inquieto com a demora que a moça leva pra fazer uma jogada ) Como é, vai jogar ou não vai caramba?
Bina- Ô meu senhor, você tá nos atrapalhando, se manca cara.
Pentelho- Mas, como atrapalhando? Vocês não jogam nada. Eu só quero mostrar como é que joga. Me empresta o taco.
Bete- Tudo bem, vou te emprestar o taco.
Pentelho- Até que fim.
Bete- Não esse aqui. Vou te emprestar o meu segundo taco seu merda.
Pentelho- (Acerta a bola no chão vai da a tacada se vira pra moça) vocês têm que entender. Eu sou o cara que melhor joga golfe nesse país, mas não tenho oportunidade. ( se vira pra bola de novo se concentra olha para as moças) E depois dessa tacada vocês vão querer me contratar ( mede a bola e de novo) porque eu, sou o melhor. Sem querer me gabar é claro.
Bete e Bina- (alto) Vai jogar ou não vai jogar cacete?
Pentelho- Tá bem só estou me concentrando, mas atenção, concentração, e par.
Bete- Está vendo seu idiota. Você quebrou meu taco, meu segundo taco predileto seu merda.
Pentelho- (assustado) Calma moça foi um erro de cálculo.
Bete- Um erro de calculo?
Pentelho- Aí é que está o x da questão.
Bete- Não tem mais nem x nem questão nenhuma (toma o pedaço de taco da mão dele).
Pentelho- Isso aí foi uma estratégia, eu queria lhe mostrar, era minha melhor jogada, com apenas um pedaço eu posso lhe mostrar uma tacada genial, porque com um taco grande é mole. Eu quero lhe mostrar com esse pedaço ( pega de volta).
Bina- Deixa ele! Vamos, mostre sua tacada genial.
Pentelho- Se concentra e joga (elas observa ele jogar a bola fora do campo de golfe. Com um sorriso amarelo) Ih! Essa foi boa, caramba! Vocês não tem outra bola pra gente continuar o jogo?
Bete- (fumaçando) Mas claro! (recoloca a bola) só que eu vou lhe ensinar como é que se dá uma tacada genial, por favor, chegue mais perto. observe (finge que vai jogar e dá-lhe uma tacada no saco, ele cai gritando, elas se assustam e saem).
Pentelho- (assoprando o saco ) Caramba... caramba...caramba! essas mulheres não entendem nada de bolas, caramba ai ai ai! Meninas vocês esqueceram a bola ui ui ui! (Sai correndo pra devolver a bola de golfe assoprando o saco o tempo todo).

Comédia dos odores

(mímica)

(uma jovem se encontra impaciente esperando o namorado em sua casa, olha pro relógio a todo momento pois não suporta atrasos).

O rapaz chega muito contente e, a jovem vai cumprimentá-lo com um beijo, quando a jovem abre a boca o rapaz quase cai de costa com o bafo, ela fica assustada com a reação dele.
Ele pede a liberdade pra ver o que estar acontecendo, pega sus mãos cheira e nada, manda tirar os sapatos também não encontra nada. AÍ, ele pede que ela abra a boca, ela finge que não entendeu, ele repete pra que ela abra a boca e ela continua fingindo que não entendeu nada .
Ele dá-lhe uma pisada no pé com violência, ela abre um bocão ele quase cai de costa, ele pega um produto (estereotipado) um desinfetante e coloca na boca da jovem. Está resolvido o problema, manda ela abrir a boca e ver que sua boca está perfumada. Agora sim, ele vai levantar o braço pra saírem de braços dados .
Aí ela é que quase cai de costas com o odor que vem debaixo de seus braços, ele fica meio desconfiado e envergonhado, ela faz o mesmo que ele fez com ela minutos antes, cheira suas mãos e nada, manda tirar os sapatos e nada, manda levantar os braço e ele não gosta da imposição da jovem. mas ela prega-lhe um susto e ele acaba levantando os braço ai, ela finalmente descobre de onde é que está vindo o mal cheiro. Pega um produto e coloca nas suas axilas e resolve o problema, confere pra ver se tá tudo ok.
Dá-lhe o braço e saem de braços dados ele sai fazendo caras e bocas mais se conforma.


ENCONTRO COM A MARCADO

Uma Jovem, estava sentada na areia da praia, brincando. Quando se aproximou um homem e começou a dialogar com a Jovem.

• Oi! Que noite linda?
• É! eu gosto de ver as estrelas deste ponto da praia.
• Qual o seu nome?
• Patrícia.
• Que nome lindo.
• Obrigada.
• Você também é muito bonita, você é casada?
• Não.
• Eu sempre fico vendo você lá do meu apartamento. Você é tão linda quanto as estrelas.
• Você também é muito simpático.
• Eu estava sozinho, e sai ao encontro de alguém muito especial.
• Você é romântico.
• E você é especial. Será que esse nosso encontro estava marcado pelas estrelas?
• É provável.
• Eu gosto de rolar nessa areia, ela massageia minha costa, e faz bem para coluna. Você não quer deitar comigo? Podemos rolar juntos a noite toda.
• Não sei se devo.
• Vem você vai gostar.

Eles começaram uma troca de carícias, Rolando na areia.
Ele fica sobre o seu corpo
• Ela pergunta. O que você vai fazer?
• Nada que você não goste
Vai passando-lhe a mão ensaia um beijo e violentamente aperta – lhe a garganta até a morte.

(Chega um amigo correndo)

- que é que tu fez cara?
Não sei, eu não fiz nada.
- como não fez nada vamos sair logo que apareça alguém ( os dois sai correndo)








Tu não nasceu pra pensar não faça merda rapaz
Quando pensa esquenta a mufa ai a merda fede mais
Mas merda por merda toda merda são iguais
Porque que a merda dos outros para a gente fede mais
Quem cheira a merda dos outros tem pensamentos iguais
Todos já cagaram muito quem é que não caga mais
Eu só peço que me deixe fazer minha merda em paz
Não gosto de leva e traz quase sempre dá em merda ou mela a quem vos traz
A merda provoca guerra
Por causa de pouca merda no mundo não temos paz
Se é muito ou se é pouco me perdoe se eu sou louco nos somos merda de mais.



(Da obra de Nelson Rodrigues a mulher sem pecado)

monólogo

Quando um homem vê uma mulher na rua, beija essa mulher em pensamento, põe nua, viola. Isso tudo num segundo, numa fração de segundo sei lá!
Mas seja como for a imaginação do homem faz o diabo.

O banho de lídia é agora demorado como nunca... No banho. Eu sei, tenho certeza de que o próprio corpo a impressiona, ( noutro tom) O corpo nu, espantosamente nu (notro tom) ar de acariciar a própria nudez, e talvez, quem sabe. Gostasse de ser amante de si mesma... ( Ri com sofrimento) Por que a mulher bonita, linda, não pode ser amante de se mesma?
Uma namorada lésbica de si mesma! Seria uma solução. (noutro tom) Eu acabo assim como minha mãe, sem falar... Ela não sabe gemer... seria incapaz de um grito de um uivo... acabo assim.
Por mim, Lídia nunca tirava a roupa. Nua no banheiro nunca. O fato dela mesma olhar o próprio corpo é imoral.
Só as cegas deveriam ficar nuas. A única coisa que me interessa, é ser ou não ser traído.
Como é obsceno um rosto nu! ( riso soluçante) porque permitem o rosto nu?

Eu só quero uma coisa!
Há no mundo uma mulher fiel?... que esta mulher seja a minha e basta.



O tarado

(Uma moça muito elegante está em um ponto de ônibus num local deserto, de repente passa uma freira toda apressada quase correndo).

Freira - Moça? você é nova aqui neste bairro?
Moça - Sim eu sou.
Freira - Então você ainda não sabe o que pode lhe acontecer nestes locais desertos por aqui?
Moça - Ora mas o que pode me acontecer de mal?
Freira - É que tem um homem andando a solta por ai, igual um cavalo desembestado.
Moça - Sim mas o que é que eu tenho a ver com isso minha senhora?
Freira - Desculpe mas você ainda não entendeu. É que ele anda pegando as garotinhas por ai e cráu (faz um gesto com o corpo dando umbigada).
Moça- Continuo sem entender minha senhora. O que significa cráu?
Freira- Vejo que você ainda é muito pura e ingênua! Esse homem é um tarado que anda atacando por ai.
Moça - Tá bom, mas eu não tenho medo disso não.
Freira - Mas cuidado moça, ele não é brincadeira. E eu vou-me já que o padre me espera pra missa das seis.
Moça - Tarado! Era só o que me faltava, essas beatas tem cada uma.
(A moça Continua parada a espera de condução quando surge um homem agarra-lhe por traz da-lhe uma gravata ).
Homem - Quietinha meu amor senão você vai se machucar.
Moça - Por favor moço pode levar o meu dinheiro mas não me mate.
Homem- Eu não quero seu dinheiro, eu quero é outra coisa, e ai de você se gritar.
Moça - Mas eu não tenho mais nada moço.
Homem - Claro que tem. Você é uma coisinha muito gostosa, é só ficar quietinha.
Moça - Eu estou quieta
Homem - Você não sabe quem sou eu? Eu sou o tarado aqui da área, já papei todas, e você será a próxima.
Moça - Então você é o tarado? Quase me matou de susto, eu pensei que fosse um ladrão que merda essa, eu adoro um tarado, (alisa o homem e se joga em cima dele) ai vai ser hoje ( rasga-lhe a roupa).
Homem - ( Da-lhe um tapa ) Vai de vagar que o tarado aqui sou eu sua piranha.
Moça - ( se jogando em cima dele ) vai gostoso me bate que eu adoro, bate forte, bate, bate.
Homem - Calma ai, violência não, não é assim (tentando se soltar).
Moça - comigo é assim (rasga-lhe a calça e joga-lhe no chão e rola. ele consegue se arrastar e se solta, sai correndo desesperado).
Moça - Volte aqui seu tarado, venha terminar o que você começou. Onde já se viu uma coisa dessas (arrumando o cabelo e a roupa) ora essa! Bem que minha mãe dizia, não se faz mais homem como antigamente.

O tímido

Tudo acontece num final de festa, num salão vazio. Uma jovem bebe e dança, sozinha pra lá de bêbada.

Entra um jovem: Trajando um jaleco, tênis, calça jeans, e um óculos fundo de garrafa, a procura de algo. Olha pra jovem, e desfarça percebe que ela está olhando pra ele.

A jovem vê logo que o rapaz é tímido, e um tanto quanto esquisito, se aproxima e começa a provocá-lo, passa a mão no seu peito.

Bina¬¬¬¬¬ - Que peito bonito você tem gato.

(o rapaz fica cabreiro com aquilo).

Bina - Qual o seu nome gato? ( provocando-o roçando o corpo no rapaz).
Joãozinho - Meu nome é João (se afastando) mas a turma me chama de Joãozinho.
Bina - (se joga encima dele) Mas que nome bonito, você tem pinta de artista.
Joãozinho - Quem? Eu?(tentado fugir dela).
Bina - É você mesmo meu amor (agarra-lhe) vamos dançar Joãozinho, quero deixar você louquinho meu amor.
Joãozinho- (tentando se soltar) Eu não sei dançar não.
Bina- Você vai aprender comigo hoje (alisando seu peito).
Joãozinho- Ai, ai, eu tenho medo.
Bina- Medo de quê?
Joãozinho- É que eu sou muito tímido.
Bina- Ah! Lindinho vamos beber alguma coisa, você vai ficar eletrizante.
Joãozinho - Eu não bebo.
Bina - Não bebe?
Joãozinho - Só bebo água mineral.
Bina - Ah! Então por isso que você tem esse corpinho, e o que você gosta de fazer gostoso?
Joãozinho- Eu... eu gosto de estudar.
Bina - Ai... eu gosto de homem assim, quero ensinar muita coisa a você, vamos sair agora quero tirar sua timidez hoje. (Vai passando-lhe a mão
ele começa a tremer todo, coloca a mão por dentro do jaleco).

Bina - Espera só um pouquinho que eu vou pegar minha bolça no bar e já volto.
(De longe a moça vê aquele volume e dá a entender que o rapaz está ereto).
Bina - Jesus! como é grande. Eu vou dar conta disso tudo? Isso tudo será que é... é...(voltando aflita) Joãozinho, isso tudo é o seu...? O seu? (apontando).
Joãozinho - O seu o que? (olha e se assusta tira as mãos de dentro do jaleco) isso tudo é o meu diploma sua indecente, ( sai furioso).
Bina - (sai atrás dele)Joãozinho vem cá. Eu quero pegar o seu diploma.



Senhor de engenho

A história se passa numa fazenda onde tinha muitos escravos trabalhando na cana de açúcar e o senhor de engenho costumava abusar das escravas.

(Ouve-se gritos, batidas, e muito barulho vindo da senzala entra uma escrava gritando e chorando desesperada).

Escrava- Eu não agüento mais isso todo dia. Isso não é vida. ( com muita raiva) Eu prefiro a morte, prefiro morrer a suportar isso.

Irmão- ( com uma vassoura na mão) Mas o que é que ouve com vós?
Escrava- como o que ouve. Aquele mostro de novo, aquele animal infeliz abusou de mim de novo, eu já não agüento mais. Eu juro que ainda mato ele meu irmão.( Em outro tom ) meu irmão eu vou fugir daqui e você vem comigo

Irmão- (Desesperado) Não! Nós não podemos ele vai nos perseguir e nos matar da forma mais cruel possível.

Escrava- E o que vamos fazer cacete? Porra.

Escravo- (Num tom sofrido) Você tem que suportar isso não importa como, até eu achar um jeito de sair daqui. Acredite em mim, eu vou lhe tirar daqui. (noutro tom) Nem que eu tenha que botar fogo no canavial com ele dentro, que se dane! Mas eu vou dar um jeito.

Sr. de engenho- ( entra furioso ainda abotoando a roupa)Volte aqui negrinha vagabunda, safada, eu ainda não terminei o serviço. ( Ela se agarra ao irmão com fervor e é arrancada a força e jogada no chão). Larga deste infeliz preto que não presta pra nada. (Noutro tom) Eu tenho umas continhas pra acertar com este negrinho vagabundo ( com desprezo ) Olha aqui seu negrinho de uma figa, eu tirei você da senzala para que você me trouxesse as melhores negras, para a minha diversão, e essas infelizes pretas chegam aqui e ficam gritando, aprontando o maior escândalo. O culpado disso tudo é você ( tira a cinta) Você agora vai se ver comigo seu filho de uma égua.

(blecaute)



TRAIÇÃO

(O patrão espera a patroa sair e começa a dar em cima da empregada).

Empregada - ( Começa a limpar os móveis cantando) “ 234 –567 esta na hora de molhar o biscoito”.

Arnaldo - Dá um tapa na bunda da empregada.

Empregada - Para com isso Sr. Arnaldo, Dona Clotilde pode chegar.

Arnaldo - Não! Ela hoje vai chegar mais tarde.

Empregada - O Sr. Tem certeza? Olha lá heim!

Arnaldo - Vem cá gostosa (começa agarra-lhe e beijar)

Empregada - Ah! espera ai seu Arnaldo. (se atraca com o velho) assim eu não agüento, me da um fogo ai! Seu velho tarado.

Arnaldo - Meu amor. (Joga a empregada no sofá e começa a beijá-la).

Empregada - Para Sr. Arnaldo, D. Clotilde pode chegar.

(Chega dona clotilde)

D. Clotilde - Arnaldo meu bem, cheguei! Mas o que está acontecendo aqui?

Empregada - Dá um pulo e diz, D. Clotilde não está acontecendo nada. O espanador caiu atrás do sofá e seu Arnaldo estava me ajudando.

Arnaldo- Coitadinha, tropeçou e eu fui ajudar ela a levanta.

D. Clotilde- Você tá é com outra coisa levantada meu querido.

D. clotilde- Bem que minhas amigas avisaram. (esbravejando) que não ia dar certo você com esta sainha curta aqui dentro de casa.

Empregada - Calma D.Clotilde eu só queria molhar o biscoito...

Empregada - Mas... (contado a empregada) meu bem não aconteceu nada.

D. Clotilde- Arnaldo seu safado, você não se enxerga ( tapa na cara ) eu não sou cega.
Arnaldo- Agora é assim? Você esta acabada, cheia de celulite, seu tempo terminou. Quer saber, eu vou ficar é com ela mesmo fui ok.

D. Clotilde - Mas Arnaldo!
Empregada- Dona Clotilde bye bye.
D. Clotilde- ( indo atraz) Arnaldo!

A novela de rádio


(Na pacata cidade de buraco fundo o que há de mais autêntico e a novela de rádio).

Locutor - Boa noite senhora dona de casa meu amigo que estar chegando do trabalho, povo de buraco fundo meu cordial boaaa! Noite.

(entra em casa uma senhora aflita e liga o rádio apressada)

Senhora- Jesus, minha nossa senhora, eu ia perdendo a hora da novela , mas graças a Deus eu cheguei a tempo. ( Respira fundo e começa a ouvir)

Locutor - Está começando mais um capítulo da minha, da sua, da nossa novela predileta, calcinha furada. E no capítulo de hoje a grande noite de Ângelo e Ângela. ( romântinco)

Ângela - Ai meu amor como você está cheiroso, você vai acabar me deixando louca ai gostoso chega mais, chega mais.

Ângelo - Querida nós vamos ter uma noite fantástica, vamos incendiar esta cama rolando a noite toda, ai meu amor, (fortes suspiros e sussurros ).

Senhora - Começa a ficar excitada com o dialogo do casal. E, pega o rádio e cola no ouvido.

Ângela - Ai! Meu amor me abraça mais forte, me beija, me lambe, me bate. Bate mais bate mais forte eu gosto assim vai, vai gostoso, ai ,ai, ai bota , bota tesão.

(Nesse momento a velha já esta começando a subir pela paredes, rolar no chão, que loucura).

Ângelo - Querida adoro quando você bota essa calcinha furada, ai! Ela me deixa louco ai, ai a...aaaaaar!(muitos suspiros ).

Ângela - Querido adoro quando você chega assim energizado vai me devora, é assim que eu gosto mesmo. Só você sabe fazer gostoso, ai estou voando gostoso faz mais vai, vai ,vai, ai....iiir!

( Nesse momento a senhora já tem rasgado parte da roupa rolando no chão e beijando o rádio)

Ângela - Ai querido como é grande como é grande bota mais bota mais vai ai!

(Nesse momento a velha começa a roçar em tudo que objeto praticamente louca ).

Locutor - E amanhã voltaremos com mais um capítulo de sua novela predileta calcinha furada (voz romântica).

Senhora - (depois de instantes se dar conta que acabou) O que? Acabou? Agora que estava ficando bom. Eu já tava pegando fogo, Jesus! Tenho que apagar esse fogo (pega um vibrador ) vou pro chuveiro me libertar desse fogo.



(Um rapaz está sentado num banco de ônibus, entra uma velhinha)

Rapaz- Minha senhora quer sentar? Pode sentar aqui.
Senhora- Minha senhora não! Senhora é a sua mãe. Onde já se viu! Moleque mais abusado, não respeita ninguém. E pode levantar daí pra que eu possa sentar. É mais que sua obrigação viu.
Rapaz- Por que?
Senhora- Não leu a placa? ( Aponta) Você é analfabeto?
Rapaz- Não.
Senhora- Então xô, levante! Me dê o lugar seu malcriado.
Rapaz- Mas não está escrito, Criança, velho, e deficiente físico?
Senhora- velho não! Idoso.
Rapaz- E não é a mesma coisa?
Senhora- E daí?
Rapaz- A senhora é criança?
Senhora- Não!
Rapaz- É uma deficiente física?
Senhora- Claro que não.
Rapaz- É velha?
Senhora- Também não.
Rapaz- Então vá de pé como os outros. Eu hein!
Senhora- Não sei se você sabe que é muito mais bonito um homem cavalheiro para com as damas...
Rapaz- Desde quando a senhora é dama.
Senhora- Depois de tudo ainda...
Rapaz- ( Entra uma garotinha toda exibida) Olá senhorita tenha a bondade de sentar.
Garota- Obrigada!
Senhora- Ter que aturar isso!
Rapaz- Que nada! é um prazer servir uma dama tão gentil.
Senhora- Cheia de celulite, que horror.
Garota-


Meu universo é você
Você é o meu sangue que corre na veia e vai até o coração
É lá que a gente se encontra, entre um sorriso e outro não me diz não.

Você é o meu sangue, basta continuar com esta saúde e energia e ele vai pulsar mais forte e quem sabe a sorte.
não me diz não linda.


Não sei se o destino existe ou é uma bobagem só sei que a vida é um sonho e o sonho uma miragem então viva a vida e deixe o resto porque o resto é bobagem.


Se o mundo lhe maltrata e nunca lhe compreende não importa cumpra o seu destino e um dia eles vão se curvar a seus pés porque você é uma fonte de energia que eles precisam para continuar vivendo por isso siga

Meus poetas estão morrendo de forma inconseqüente hoje eu como incompetente não posso-lhes ajudar sempre tentado viver no mundo cheio de ilusões não sei aonde eu vou parar. Dou um passo num dia tropeço trezentos e tantos outros, do jeito que eu estou vendo vou levar mais de trezentos e poucos anos. Mas não posso desistir porque já fiz um milhão de outros planos, queria poder eu dizer um dia que não estou tonto comecei a planejar e hoje está tudo pronto como num passe de mágica hoje eu domino o meu canto mas vejo que não e isso meus projetos não estão pronto vou ter que melhorar, suar um pouco e correr muito como louco, acho que faço por eles mas ainda é muito pouco se não conseguir vencer eu quero antes morrer ou viver como os loucos porque esses vivem muito e se preocupam muito pouco. Por que o mundo dos livres ainda é o mundo dos loucos

Tem muitos levando pouco
Tem poucos levando muito
Tem muitos sofrendo muito
Tem poucos sofrendo mais
Falta água e falta pão
Falta pão e falta água
Falta amor no coração
Falta a convicção
Sobram a desilusão
Sobram a corrupção
Sobram a falta de ação
Sobram consciência pouca
Quem tem paz parece louco
Viver bem é para poucos mas é muito cobiçado
Mas todos são maltratados pela peste e pela guerra que nos segue desde o passado
A paz não reina na terra
A guerra reina na terra
A paz só vende um bocado
Por que a guerra vende mais?
Mais...mais...mais...por que a guerra vende mais?
Maaaaaais! Paaaaaaz!
Saí do meu torrão natal, ainda era muito menino.
Vim para a capital, pensando em mudar meu destino.
Lutei como um cão acuado, perdi o meu rumo e destino.
Hoje um pouco já cansado, não sei qual foi o meu crime.
Só sei que me arrebentei todo, mas ainda estou resistindo.
Mas sinto saudade de casa, da mãe, meu pai, e meus primos.
Será que meus sonhos distantes? É maior do que eu estou sentido.
Troquei minha vida por eles, mas estou quase desistindo.
Cegando aos sessenta de vida, não mais sei porque continuar rindo; Daria tudo na vida, para continuar a ser menino.
Não pensar na morte já mas. Segui o meu rumo rindo.
Porque uma coisa na vida, eu nasci com muita alto-estima.
A noite centenas de sonhos, me acordão e até me anima.
O dia vem como um trator. Derruba tudo, e passa por cima.
Meus planos tornam-se distante, as metas não estou atingindo.
E volto para casa cansado, pensando o que estou construindo.
E o instrumento que ralo! Que dor o meu corpo está sentindo.
O cérebro está cheio de calo, o coração se ruindo.
Não sei quanto tempo ainda viverei, para cumpri meu destino.
As mãos já não sinto mais a dor da tristeza não rima daria tudo na vida para voltar ser menino.
Já não sou mais dono da vida, vivo como um inquilino;
Alugo um espaço na terra. Tropeço em cada esquina.
Com a morte, que reina na terra; E de tudo passa por cima.
Preciso viver uns cem anos. Ou quem sabe uns cem daí para cima;
Para cumprir meu destino, e saber qual é minha sina.
Nascemos e vivemos tão pouco, quando acordamos já estamos indo;
Para uma viagem sem volta. A onde ninguém vai sorrindo;
Mas, quem sabe se do outro lado, eu cumpro meus sonhos de menino, que é crescer, viver e vencer, sempre rindo.
Só sei que meus erros na terra. São caros não estou resistindo.
Queria poder apagar, tudo que eu estou sentindo.
Se eu tenho que viajar um dia; Que viaje feliz e sorrindo.


É mais fácil cultuar os mortos que os vivos.

É mais fácil viver de ilusão.

É mais fácil viver sonhando que do sonho.

É mais fácil se entregar a solidão.

Não quero ser triste

Não quero ser razão

É fácil ser triste

É fácil ter razão

É mais fácil não amar ninguém por medo de ser amado.

É mais fácil se esconder por traz da indecisão.

É mais fácil viver de ilusão difícil é enganar o coração.

É mais fácil fingir então. Difícil é enganar o coração

É fácil ser triste.

É fácil ter razão.

É fácil dizer que é fácil, difícil é acreditar em vão.

Não quero ser triste quero apenas cultuar o mundo dos vivos e ser cultuado como irmão





A noite

A noite é um mistério, fonte de inspiração, que inspira os poetas nas obras de criação. Imprimem as obras primas, em simples folhas que se transformam sublimes e atravessa gerações. Encantando multidões que faz de hoje presente, futuro de antigamente.
A noite é um mistério, que aproxima corações transforma tudo em deserto onde de dia tinha multidões. Transforma-se em medo em momentos de segredo e tantas ilusões.
A noite é um apreço, pra quem gosta de emoções de fazer valer a pena de construir ilusões.
A noite é um mistério! parece uma canção que desafia pensadores, críticos, sermões. A noite todos os sonhos parece perto da mão quase podemos tocá-los, que momentos de emoções, onde muitos acertam, erram, quem erra pede perdão ou não.
A noite é um mistério! Há noites de solidão!
A noite é um caso sério, cheia de mistério pra quem queira desvendar, procurar quem já pecou quem peca quem não pecou vai pecar.
A noite é sublime pra quem gosta de amar.
A noite de tudo tem, sombra, peleja, desdém, tem descobertas diversas e muitas transformações.
Há noite que são decidido o futuro de nações, contrariando os deuses que brilham na escuridão. Há noite de tentação, amor, paixão, sexo.
Bobagem, há noite de escuridão, medo de muitos segredos, há noite que são pra sempre. Mas já mas se repete essa mesma noite.
A noite de calafrio, de frio, calor, de muito medo e dor.
Quem não passou vai passar, sua noite de terror.
Que bom seria que todas as noites fossem sempre de amor!










A arte


A arte é um vulcão que queima dentro da gente só quem é artista sente a força que a gente sente nossas vidas é diferente é muito mais ardente mais quente vivemos experiências eternas e surpreendente fazemos de tudo um pouco e corremos feito loucos. Por um minuto de atenção são momentos diferente que dispara o coração a força desse vulcão que ferve o sangue da gente.
Só quem é artista sente a larva desse vulcão que derrete muita gente, gente que como a gente pensa em fazer diferente mas não tem o sangue quente como é o sangue da gente que derrete corações encantando multidões em momentos de emoções que enche o ego da gente só quem é artista sente o que em fazer diferente só quem é artista sente o que é ser fazer e viver diferente

Sentado aqui na cama olhando o telefone na minha mente só vem o seu nome e mais de mil maneiras de poder te amar ficar assim sozinho eu não resisto mas eu vou falar contigo o resto tanto faz se tiver que esquecer o mundo pra ficar contigo eu vou fazer isso e muito mais. Nem mesmo um castigo vai fazer eu voltar atrás
Você pra mim é a melhor pessoa o seu sorriso me traz coisas boas eu não resisto viver sem te amar
Eu vou te amar e vou te dar o mundo vou realizar teus sonhos mais profundos e o que você pedir eu vou realizar quero entrar em teu íntimo e me registrar deixa na minha marca e nunca mais tirar é te amando muito que eu vou te ensinar me amar mulher se eu pudesse o mundo eu te daria realizaria todos os teus sonhos os teus desejos eu saciaria colocaria o mundo em tuas mãos te ensinaria a me amar como jamais alguém amaria tu tens a fórmula da magia o meu amor por te só cresce a cada dia o teu sorriso é a mais pura magia não precisou muito para me encantar pensei que jamais fosse sentir isso um dia mas depois de te encontrar eu descobri que é você que eu quero me amarrar

VIOLEIRO- Quando um violeiro toca a platéia se levanta, toda moçada se encanta com tanta sabedoria.
Hoje aqui é o meu dia de mostrar o dia a dia e o encanto da poesia.
Com muita sabedoria, se a coisa foi Deus quem deu, eu não conheço no mundo quem melhor do que eu.

Vou falar do abandono, da frieza, e traição. Das riquezas das pessoas, e pobre de coração. Que quando lhe dá bom dia já festeja até o dia de trair seu coração.
Em troca de vaidade de moeda e de tostões, ou para fazer bem feito os caprichos dos patrões que a verdade seja dita a maldade é infinita e as nossas vida não.


Aparecem fanfarrões querendo falar bonito, que acham que os problemas se resolve com um grito. Enganam meio milhão roubando-lhes os tostões isso lhe torna mais rico.
Uma famílias em conflitos são fáceis de enganar. Tornando a ovelha boa em uma ovelha má, invertendo seus papéis fiéis se tornam infiéis querendo ser e julgar. Todos julgam todo mundo, Deus o monarca do mundo é quem diz quem vai julgar.

Mas vou parar de falar, não quero inquietação. vejo que lá na platéia alguém levantou a mão, fale seu nome ligeiro não gosto de estrangeiro, tão pouco de intromissão.

POETA- Meu nome é Rouxinol mas não sou um estrangeiro.
Mas sou poeta seu moço vivo com pouco dinheiro nordestino bom que sou, para enfrentar cantador quem precisa ser estrangeiro

VIOLEIRO- Veja que atrevimento de poeta insolente querendo me enfrentar.
Com uma boca cheia de dente não sabe se quer falar. Mas se respirar de novo mesmo no meio do povo hoje aqui vai apanhar.

POETA- Mas que sentimento nobre deste pobre violeiro, que vive pedindo esmola dizendo ser cancioneiro, fala mal dos violentos mas é violento primeiro.

VIOLEIRO- Esqueça o que falei poeta mexeriqueiro, eu falo, sei o que falo com isso ganho dinheiro. aprendi bem na escola, você em algum chiqueiro.

POETA- Quem sabe já nasce feito a escola é um suporte.
Todos são capacitados, uns mais e outros mais fortes você pelo o que mostrou além de mau cantador não se encaixa nesses portes.

VIOLEIRO- Veja como é triste e feio os versos que improvisou. Que rendo encantar a todos a um se quer encantou, parece uma noite cerrada, sombria, fria, e calada uma noite de terror.

POETA- A noite de tudo tem sombra suspense e mistério.
seresteiros nas esquinas, cadáveres nos necrotérios, e as cruzes de braços pretos, simbolizando esqueletos, plantados nos cemitérios

VIOLEIRO- Queres enfrentar cantador.
POETA- Não vejo quem enfrentar.
VIOLEIRO- Tens medo de apanhar.
POETA- Tu és quem já apanhou.
VIOLEIRO- Pois vou lhe mostrar quem sou.
POETA- Tudo que tinhas mostrou.
VIOLEIRO- Te mostro aprendizado.
POETA- Disso eu sou professor.
VIOLEIRO- Qual o corno que te ensinou.
POETA- Não foi o seu professou.
VIOLEIRO- Repete o que tu falou.
POETA- Mas que sentimento nobre.
VIOLEIRO- Com patada trato pobre.
POETA- Teu pai foi teu professor.
VIOLEIRO- Filho da mãe gigolô.
POETA- Tua mãe me ensinou.
VIOLEIRO- Aí tu extrapolou com toda essas insultações, eu vou te mostrar quem sou, e o peso da minha mão.
Moleque porco atrevido, filho de raposa e cão.
Vou te quebrar num segundo e juntar com uma mão
POETA- Mas veja a situação de um homem enfurecido. É melhor pegar a estrada, e trocar o seu vestido. Sua calça está cagada, suas mão desmonhecadas é assim que a essa bicha tem vivido.

VIOLEIRO- Não...não! Posso ser tudo mas isso aí não. Você já está levando isso pra uma zona perigosa demais. Ninguém me insulta e sai ileso não.

No que eu posso ajudar aos nobres cavalheiro vejo que existe uma disputa só pode ser por dinheiro permita me apresentar sou filha do fazendeiro
Meu nome é rouxinol sou um pobre viajante a procura de um abrigo de um coração brilhante confesso estou encantado com os seu olhos brilhantes
Eu vejo que é galante ou um mero conquistador mas não me disse o propósito porque quase se atracou, me diga tudo versado para que lhe dê valor, sou a filha do fazendeiro, não gosto de encrenqueiro, qual dos dois que começou
Madame sou seu escravo, homem de pouco valor conheces o meu prezar e o quanto lhe dou valor se quiser dou bofetadas nesse aí que começou

Sei de tua valentia, de tua submissão, tudo da boca pra for a, se fazendo valentão mas não passas de covarde advogado do cão

Quero apenas encantar aquela que me encantou
O diabo te encantou
Mereço ser bem tratado por que só dedico amor
És servo fraco e capacho serves a qualquer senhor