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sábado, 4 de setembro de 2010

Monologo (Da obra de Nelson Rodrigues a mulher sem pecado)

(Da obra de Nelson Rodrigues a mulher sem pecado)

monólogo

Quando um homem vê uma mulher na rua, beija essa mulher em pensamento, põe nua, viola. Isso tudo num segundo, numa fração de segundo sei lá!
Mas seja como for a imaginação do homem faz o diabo.

O banho de lídia é agora demorado como nunca... No banho. Eu sei, tenho certeza de que o próprio corpo a impressiona, ( noutro tom) O corpo nu, espantosamente nu (notro tom) ar de acariciar a própria nudez, e talvez, quem sabe. Gostasse de ser amante de se mesma... ( Ri com sofrimento) Porque a mulher bonita, linda, não pode ser amante de se mesma?
Uma namorada lésbica de se mesma! Seria uma solução. (noutro tom) Eu acabo assim como minha mãe, sem falar... Ela não sabe gemer... seria incapaz de um grito de um uivo... acabo assim.
Por mim, lídia nunca tirava a roupa. Nua no banheiro nunca. O fato dela mesma olhar o próprio corpo é imoral.
Só as cegas deveriam ficar nuas. A única coisa que me interessa, é ser ou não ser traído.
Como é obceno um rosto nu! ( riso soluçante) porque permitem o rosto nu?

Eu só quero uma coisa!
Há no mundo uma mulher fiel?... que esta mulher seja a minha e basta.

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