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domingo, 22 de agosto de 2010

Entrando numa fria.



Manauense- Bom dia! Tudo bem? Eu gostaria de tira a barba. (Todo sorridente)
Paraense - Pois não...pode sentar aqui, na cadeira. ( põe espuma prepara a lamina e começa um dialogo com o cliente também sorridente) Vai ser só a barba?
Manauense - Como diz o ditado...barba, cabelo e bigode.
Paraense – Quer dizer...quer ficar novo de novo.
Manauense - (Com um largo sorriso) é meu irmão, só assim pra fica mais novo.
Paraense – Pode deixa...eu vou caprichar, você vai sair daqui outra pessoa.
Manauense – (largo sorriso) É mano, de vez enquanto tenho que agradar a patroa.
Paraense – (Fecha a cara e começa a indagar) o senhor é novo por aqui não...é?
Manauense – Sim, cheguei ontem.
Paraense – (Raspando o pescoço do manauense) veio a trabalho?
Manauense – não...tô tirando só uma onda; Vim passar uns dias de férias.
Paraense - Mas, me diga aí! O senhor é de onde? É paraense? Mais um paraense que volta pra curti a terrinha?
Manauense – Não eu sou de Manaus
Paraense – (Dá um tranco no pescoço do manauara) ah! Que dizer que o senhor é de Manaus? Eu jamais pensei que fosse receber um manauense aqui na minha barbearia.
Manauense – (Fica meio assustado com olhos arregalados) que bom. O senhor conhece Manaus?
Paraense – Sim. Nem me pergunte.
Manauense – Gostou de lá? ( Todo apreensivo)
Paraense – (Curto e grosso) não...não gostei não! O povinho nojento aquele.
(Esfregando a lamina na cara do Manauense) eles, falam muito mau do povo paraense.
Manauense – Eu sempre achei isso um absurdo. Nossa gente deveria ser mais unida. (com os olhos quase pulando fora fitado na lamina do barbeiro )
Paraense – (Temperou a garganta e com uma voz completamente anormal) quer dizer, que o senhor não chama o paraenses de ladrão não?
Manauense – Não...! Eu seria incapaz de fazer uma desfeita desta.
Paraense – Mas, o paraense lá em Manaus é conhecido como ladrão, viado, maconheiro, preguiçoso. Isso é inaceitável meu amigo. (acelera a lamina no pescoço)
Manauense – (quase se cagando de medo) mas perto de mim ninguém fala isso não! Se falar vai ouvir mano! Eu moro num bairro onde praticamente só tem eu de manauense o resto todo é do para.
Paraense – Como assim o resto? O que o senhor quer dizer com isso?
Manauense Quero dizer que, adoro os paraense. Se o senhor um dia voltar lá procure lá no meu bairro, alguém que respeita os paraense. Esse sou eu. Não tem um paraense, que não goste de mim; pro senhor ter uma idéia, a Fafa toda vez que vai a Manaus, ela vai direto na minha casa, comer um peixe assado. É uma coisa que eu faço questão de tratar bem; e os paraense
Paraense – Mas por quer?
Manauense – A minha avó era paraense, pense numa pessoa que eu devia muito respeito.
Paraense – (Enfiando a tesoura no nariz dele para aparar os cabelos) devia?
Manauense – É, ela já morreu, mas o respeito continua.
Paraense – (Limpando o rosto dele com uma toalha ) então o senhor conhece a Fafa? (Mudando de tom)
Manauense - Vixe. Mano nós somos unha e carne
Paraense – Vejo que o senhor, é diferente daquela gente. ( Vai pegar a loção pós-barba )
Manauense – (Quando ele se afasta ele se levanta rapidinho) não precisa...Eu tenho uma alergia danada. Só quero saber, quanto custou meu irmão?
Paraense – É dez real só
Manauense – ( Abre a carteira só tem nota de cinquenta) ta aqui ( tremendo todo)
Paraense – O senhor me espera só um pouquinho, que eu vou trocar o dinheiro
Manauense – vixe. Não...não, não precisa. O senhor achar que eu vou fazer questão por uma bobagem dessa? (Sai rapidinho)
Paraense – Taí! Eu que pensei que os manauense fosse tudo filho da puta. Nem tudo estar perdido, esse cara aí, é gente boa. Salvei meu dia.

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